Os pais de um menino de 2 anos, que morreu depois de ser picado por um escorpião, acreditam que o filho perdeu a vida por negligência médica. Em imagens do circuito interno do Hospital Municipal de Itambé, a mãe de Kaique Cesar Martins da Silva aparece correndo com o menino nos braços, em busca de atendimento.
O relógio das câmeras de gravação marca 17h31. Quase duas horas depois, as imagens mostram o menino sendo carregado para a ambulância, na qual seguiu para o Hospital de Goiana, de onde foi encaminhado para o Hospital da Restauração, no Recife. "O médico olhou para mim e falou que era normal, que ele sabia o que estava fazendo. E seguraram meu filho no Hospital de Itambé sem medicamento, só com Dipirona e Plasil", conta Lívia Regina da Silva, mãe da criança.
Polícia
Kaique foi picado por um escorpião na sexta-feira (31), e morreu na madrugada do sábado (1). Os pais do menino levaram o caso a Delegacia de Itambé, pois, segundo eles houve negligência médica na demora para a transferência da criança. "Ele [o médico] disse: 'Isso aí foi porque não cuidaram logo'", relata Kaio César Martins, pai do menino.
Eles prestaram a queixa, mas ainda não conseguiram prestar depoimento, pois as investigações teriam sido transferidas para o Recife.
Descaso
Na rua da casa onde Kaique vivia com a mãe, avós e tios, entulhos e falta de saneamento são visíveis. Locais perfeitos para o esconderijo do escorpião. No quintal da casa onde o menino foi picado, o tio conta emocionado como tudo aconteceu. "Perdi meu menininho, não vou ver ele mais nunca", se emociona o tio da criança, o autônomo Célio Roberto.
Governo
O secretario de Saúde da cidade, Gildo Cabral, alega que não houve negligência médica, e que o tempo da demora da transferência se deu por conta da burocracia do contato com a Central de Regulação do Estado.
Quanto aos problemas de saneamento e entulhos na área onde o garoto foi atacado, o secretário reconhece que Itambé vive período de reprodução de escorpiões, por conta do clima e da diminuição dos predadores naturais, mas se comprometeu a enviar uma equipe para vistoriar a área onde ocorreu o acidente que vitimou a criança.
Casos
Houve um aumento no número de atendimentos relacionados a casos de picadas de escorpião. Só no primeiro semestre, foram 674 atendimentos registrados no Centro de Toxicologia de Pernambuco (Ceatox-PE), 64 a mais do que no mesmo período do ano passado.