25 junho 2018

Cultura: Governo premia vencedores do Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia

Na cerimônia, realizada pelo governo no Palácio do Campo das Princesas, também foi assinado decreto que cria o Prêmio Palhaço Cascudo de Incentivo às Artes Circenses

A cultura pernambucana viveu um dia de celebração, nesta quinta-feira (21), na solenidade de premiação dos vencedores do 3º Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia. Promovida pelo Governo de Pernambuco, através da Secult-PE e Fundarpe, a cerimônia foi realizada no Palácio do Campo das Princesas e contou com a presença dos 16 premiados (oito na categoria “Cultura Popular” e seis na “Dramaturgia”.). Eles receberam certificados e uma placa comemorativa feita especialmente pelo Patrimônio Vivo de Pernambuco e xilogravista J. Borges.

Participaram do evento, além dos artistas e seus familiares, o governador do estado Paulo Câmara, o secretário de Cultura Marcelino Granja, a presidente da Fundarpe, Márcia Souto, a deputada estadual Luciana Santos, além de Patrimônios Vivos do estado, como a circense Índia Morena, conselheiros estaduais de cultura (do Conselho de Preservação do Patrimônio e do Conselho Estadual de Políticas Culturais), e jornalistas.
Na ocasião, o governador Paulo Câmara falou da satisfação de, mais uma vez, realizar a entrega deste prêmio. “Porque olhamos para o que foi feito e percebemos que concluímos um ciclo com muito êxito – e que certamente vamos seguir adiante. A gente tem que continuar a fazer isso, a trabalhar e fazer parcerias para promover a cultura pernambucana, que é pra consolidar o que a gente quer: um estado cada vez mais forte, que faça com que a cultura se faça mais viva na cabeça, na mente e no coração do nosso povo. Parabéns Ariano Suassuna, e um parabéns à cultura pernambucana”, colocou.

Durante a cerimônia de entrega do 3º Prêmio Ariano Suassuna, aconteceu a assinatura do decreto que estabelece mais uma conquista para os fazedores de cultura do estado: o Prêmio Palhaço Cascudo de Incentivo às Artes Circenses. A execução deste prêmio ficará sob a responsabilidade da Secult/Fundarpe. “Num momento em que o Brasil vive uma crise econômica e política sem precedentes, o Governo de Pernambuco fez a escolha de aumentar os investimentos na área da Cultura, como forma de reconhecer o trabalho dos nossos artistas, seus saberes e práticas. O lançamento do Prêmio Palhaço Cascudo de Incentivo às Artes Circenses é apenas mais uma das premiações criadas neste governo, que já lançou também os prêmios Hermilo Borba Filho de Literatura, Ayrton de Almeida Carvalho de Preservação do Patrimônio Cultural, Pernalonga de Teatro, Pernambuco de Fotografia e o Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia”, reforçou o secretário de Cultura Marcelino Granja.
A 3ª edição do Prêmio recebeu um total de 164 inscrições (101 de dramaturgia e 63 de cultura popular), oriundas de todas as macrorregiões do Estado. O resultado dos vencedores foi divulgado no último sábado (16), data em que Ariano Suassuna completaria 91 anos.

Na categoria Cultura Popular, os vencedores foram o Caboclinho Carijós do Recife; Mestre Zé Negão (Camaragibe); Academia Caruaruense de Literatura de Cordel (Caruaru); Vera Lúcia de Medeiros (Renda Renascença – Poção); No Passo do Cavalo Marinho Estrela de Ouro (Condado); Mestre Ciriaco do Coco (Glória do Goitá); Grupo de Coco Tebei de Cultura Popular (Tacaratu); e Maria Dulce de Lima Pessoa (Tabira).

No segmento Dramaturgia, os vencedores foram: Rodrigo Dourado (1º lugar teatro adulto, com o texto Terminal); Cleyton Cabral (2º lugar teatro adulto, com o texto Desculpe o atraso, eu não queria vir); Alexsandro Souto Maior (1º lugar teatro para criança, com o texto Tempo de Flor). Djaelton Quirino (2º lugar teatro para criança, com o texto Recital para revoar); Alex Apolonio (1º lugar teatro de animação, com o texto Mariolengo); e Anderson Leite (2º lugar teatro de animação, com o texto Do barro se fez amor).
A poetiza Maria Dulce falou em nome de todos os vencedores na categoria Cultura Popular e enalteceu a importância de premiações como esta. “Venho lá do Sertão, da minha cidade Tabira, do rio verde seco, o Pajeú, que é o principal grito de resistência pela nossa identidade cultural e reconhecimento da memória coletiva de um povo, e em nome dele falo em nome de todos os fazedores da cultura popular de Pernambuco. O Prêmio Ariano Suassuna, com muito mérito, cumpre bem seu papel de difundir e valorizar as manifestações culturais com igualdade de condições nas suas macrorregiões”, opinou.

Representando os premiados na categoria Dramaturgo, o escritor Alex Apolonio comemorou que a iniciativa tenha chegado à terceira edição, premiando outros mestres, mestras e autores pernambucanos. “Estou tendo mais uma vez a oportunidade de representar a minha cidade Garanhuns neste Prêmio. Na sua primeira edição fui um dos vencedores, e me recordo que naquele 19 de julho de 2016 nós pedimos ao governador que não fossemos os únicos. Hoje, estamos na terceira edição desta premiação, e é com muita satisfação que viemos reconhecer que o trabalho de valorização da nossa cultura continua sendo realizado”, falou Alex.
COMISSÃO

A seleção das propostas vencedoras na área de Cultura Popular foi realizada por uma comissão formada pelos profissionais Lúcio Enrico Vieira Attia, Edilson Walney Martins, Karla Danielle Santos de Oliveira, Maria do Rosário da Silva e Rafael Moura de Andrade. Na área de Dramaturgia, os pareceristas foram renomados críticos, diretores e dramaturgos contemporâneos do país: o pernambucano Quiercles Santana, o carioca Angelo Turci e o mineiro Daniel Toledo. Todos os integrantes foram selecionados por meio de convocatória pública específica para este fim.

VALORES DA PREMIAÇÃO

Os vencedores da categoria Mestres e Mestras dos Saberes e Fazeres foram contemplados com R$ 10 mil, cada. Na categoria grupo, o valor do prêmio é de R$ 15 mil. Na área de Dramaturgia, o prêmio para o primeiro lugar é de R$ 10 mil; e R$ 7 mil para o segundo colocado.

VENCEDORES NO SEGMENTO CULTURA POPULAR

RMR – GRUPO
Caboclinho Carijós do Recife

A Tribo Indígena Carijós do Recife, ou como é mais conhecida “Caboclinho Carijós do Recife”, foi fundada em 6 de março de 1896, sendo a tribo de caboclinhos mais antiga de Pernambuco. A agremiação tem como símbolo o caboclo Carijós, presente no estandarte que traz as cores oficiais do grupo, o verde e o vermelho, que simbolizam, respectivamente, a mata e a guerra. Há 12 décadas o grupo realiza um trabalho social na Zona Norte do Recife, assim como oficinas de dança, instrumentos musicais, produção de fantasias e adereços, entre outros saberes. O aspecto da religiosidade se expressa nos rituais indígenas da pajelança. A maioria dos mestres e caboclos atuam na Jurema Sagrada. Já conquistou diversos títulos carnavalescos e, dentre tantas homenagens já recebidas, destaque para a outorga concedida pela Prefeitura do Recife durante o Carnaval de 2017.
RMR – MESTRE
Mestre Zé Negão (Camaragibe)

Nascido em Goiana, em 1950, José Manoel dos Santos (Mestre Zé Negão) tornou-se Griô de tradição oral reconhecido pelo Ministério da Cultura por seu empenho na transmissão de saberes. Cresceu entre o corte da cana, os batuques do tambor e as vivências populares das escolas de samba, do cavalo marinho e do coco de senzala. Este último, um remanescente do batuque do mestiço, um folguedo criado pelos negros escravizados nos engenhos de cana de açúcar. Há cerca de 30 anos morando em Camaragibe, Mestre Zé Negão desenvolve um importante trabalho de preservação da memória e da tradição do Coco de Senzala na comunidade João Paulo II. Rodas de memórias, oficinas e vivências em escolas públicas da cidade e na residência do Mestre já formaram diversos aprendizes que hoje compõem um grupo musical bem estruturado. Em 2014, foi inaugurado em Camaragibe o espaço comunitário “Canto das Memórias Mestre Zé Negão”, que passou a ser a base das atividades do grupo, local de preservação e difusão do Coco de Senzala e de contínua reverência ao Mestre.
AGRESTE – GRUPO
Academia Caruaruense de Literatura de Cordel

Poetas, professores, artesãos e estudiosos da literatura se reuniram no ano de 2005, em Caruaru, para fundar a Academia Caruaruense de Literatura de Cordel (ACLC). De lá até aqui, o grupo realiza ações em escolas, festivais literários como “Arrasta Cordel” e o “O maior cordel do mundo”(2009), além de programações como “Sábado Cultural” e “Café e Cordel”, com recitais e cantorias. As atividades permanentes ocupam a Estação Ferroviária de Caruaru, onde o grupo planeja seus principais eventos: Festival Literário Arrasta Cordel, Expocordel, Concursos Literários e Oficinas de cordel e xilogravura. O Prêmio Ariano Suassuna vai contribuir para a manutenção desse proposta maior da Associação, que é “A difusão da literatura de cordel como bem material em âmbito nacional”.
AGRESTE – MESTRA
Vera Lúcia de Medeiros | Renda Renascença – Memórias (Poção)

Vera Lúcia de Medeiros nasceu em 10 de setembro de 1958, na cidade de Poção. Tinha oito anos de idade quando foi morar com sua tia Mestra Lala, a primeira professora e coordenadora do núcleo produtivo da renda Renascença em Poção, juntamente com D. Áurea Jatobá, desenhista dos riscos e comerciante das peças. Fundando nos anos 40, o núcleo atravessa o tempo formando diversas mulheres rendeiras e perpetuando a tradição da renascença no Agreste pernambucano. Após a morte de Lala, Vera assumiu o posto de mestra guardiã da memória de sua tia, sempre repassando informações e imagens para pesquisadores, jornalistas, crianças, estudantes de designer e demais interessados na história desta tradição.
ZONA DA MATA – GRUPO
No Passo do Cavalo Marinho Estrela de Ouro (Condado)

Folguedo tradicional de cultura popular e teatro de rua da Mata Norte pernambucana, o Cavalo Marinho Estrela de Ouro foi fundando em 31 de julho de 1971 pelo Mestre Biu Alexandre. Hoje, é o único cavalo marinho com quatro gerações de brincantes envolvidos na agremiação e conta ainda com a participação constante de Sebastião Pereira de Lima (Seu Martelo), que com 81 anos de idade é o ‘Mateus’ mais idoso em atividade no Brasil. O Prêmio Ariano Suassuna vai contribuir para a preservação da memória desta expressão popular e fortalecer as atividades de transmissão de saberes realizadas pelo grupo.
ZONA DA MATA – MESTRE
Mestre Ciriaco do Coco (Glória do Goitá)

João Sebastião do Nascimento é o nome de batismo de um mestre da cultura popular pernambucana nascido no dia 23 de junho de 1928, em Glória do Goitá. Às vésperas de completar 90 anos de idade, Mestre Ciriaco do Coco está em plena atividade e comanda o projeto “Casa do Coco Mestre Ciriaco”, um espaço de preservação da dança e do canto característicos do coco de roda. É lá que o mestre recebe grupos da terceira idade dos municípios vizinhos e promove a inclusão cultural deste segmento. A transmissão de saberes do Mestre acontece com crianças e jovens da comunidade do Sítio Urubu e, claro, com seus filhos e netos. Quem puxa seu coco de roda atualmente é o Mestre Queno de Alagoinha, filho de Ciriaco, que aprendeu com o pai a cantar.
SERTÃO – GRUPO
Grupo de Coco Tebei de Cultura Popular de Tacaratu

Surgido na zona rural de Tacaratu, mais especificamente no povoado Olho D’água do Bruno, o Coco Tebei nasceu em meio aos mutirões que os habitantes da localidade realizavam para construir casas de barro. Durante o acabamento do piso, virou costume os moradores se dividirem em casais e pisarem forte no chão, ao som de um batuque, e cantarem músicas que surgiam durante a lida na roça. Mesmo com a chegada das casas de alvenaria, a tradição do coco tebei permanece em Tacaratu, é repassada aos estudantes, tema de projetos desenvolvidos em sala de aula e atração certa nos festejos da região.
SERTÃO – MESTRA
Maria Dulce de Lima Pessoa (Tabira)

Após se aposentar como professora, Maria Dulce de Lima Pessoa, natural de Tabira, tornou-se militante e entusiasta da poesia dos cantadores de viola, do repente e do cordel. Em 1994, ajudou a fundar a Associação dos Poetas e Prosadores de Tabira, entidade responsável pela realização de diversas manifestações literárias na região, como a Missa do Poeta e a Mesa de Glosas. Atualmente, comanda um programa de rádio semanal dedicado às tradições do Pajeú, facilita oficinas de poesia popular e crônicas poéticas, e promove passeios poéticos, cafés literários, recitais em feiras públicas e outros eventos do gênero que ajuda a preservar no sertão pernambucano.
VENCEDORES NO SEGMENTO DRAMATURGIA

CATEGORIA TEATRO ADULTO

1º lugar
Texto: Terminal
Autor: Rodrigo Dourado, natural do Recife. Professor da UFPE. Dramaturgo, diretor e ator, além de pesquisador especializado na área. Integrante do Grupo de Teatro de Fronteira.
2º lugar
Texto: Desculpe o atraso, eu não queria vir
Autor: Cleyton Cabral, de Olinda. Ator, publicitário e premiado escritor. Já foi vencedor da 1ª edição do Prêmio Ariano Suassuna.
CATEGORIA TEATRO PARA INFÂNCIA

1º lugar
Texto: Tempo de Flor
Autor: Alexsandro Souto Maior, de Olinda. Além de ator e compositor, é escritor, organizador e curador de evento literário, produtor cultural e diretor de teatro. Tem experiência na área de Letras.
2º lugar
Texto: Recital para revoar
Autor: Djaelton Quirino, de Arcoverde. Ator, palhaço, pesquisador, dramaturgo e diretor do Grupo de Teatro de Retalhos. Também com experiência em audiovisual.
CATEGORIA TEATRO DE ANIMAÇÃO

1º lugar
Texto: Mariolengo
Autor: Alex Apolonio Soares, de Garanhuns. Ator, bonequeiro e dramaturgo. Já foi vencedor da 1ª edição do Prêmio Ariano Suassuna.
2º lugar
Texto: Do barro se fez amor
Autor: Anderson Leite, do Recife. Encenador, ator e dramaturgo. Integrante do Grupo São Gens de Teatro e da Delfos Produções.
 
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