O conceito é aplicado quando há a junção de metrópoles numa mancha urbana uniforme ou em tendência de se uniformizar, como já se assume acerca de São Paulo-Campinas
Se a inclusão de Goiana no Grande Recife for confirmada, as regiões metropolitanas da capital pernambucana e de João Pessoa, na Paraíba, estarão unidas e em condições de, nas próximas décadas, constituírem uma megalópole. O conceito é aplicado quando há a junção de metrópoles numa mancha urbana uniforme ou em tendência de se uniformizar, como já se assume acerca de São Paulo-Campinas e se discute sobre São Paulo-Rio de Janeiro. A mudança de status de Goiana de cidade da Mata Norte de Pernambuco para município da Região Metropolitana do Recife (RMR) foi aprovada pela Assembleia Legislativa (Alepe), nesta semana, e depende da sanção do governador Paulo Câmara para se concretizar.
Na cidade, a expectativa é pelo desfecho do assunto, discutido há 20 anos, com maior intensidade após o polo automotivo da Jeep. Quem defende Goiana como parte da metrópole diz que já é natural o trânsito não só de moradores de lá para resolver demandas na Capital, mas também o inverso - habitantes de Igarassu, Itapissuma e outras cidades do norte da RMR que vão a Goiana para trabalho. Pessoas que moram na Paraíba também têm feito esse trajeto, o que reforça o eixo entre Recife e João Pessoa, capitais mais próximas do País - separadas só por 120 quilômetros.
O transporte público, por exemplo, deve mudar, ainda que não imediatamente, já que requer estudos de demandas de passageiros e do equilíbrio econômico-financeiro do sistema. Atualmente, duas linhas de ônibus ligam o centro da cidade e o distrito de Ponta de Pedras ao Recife. Por serem considerados intermunicipais rodoviários, os itinerários têm intervalos maiores entre as viagens e tarifa a R$ 12. Se Goiana entrar na RMR, terá que ser atendida por linhas do Grande Recife Consórcio, com tarifa reduzida à adotada no entorno da Capital - possivelmente o anel B (R$ 4,40).
“Só com transporte, já seria uma grande mudança, porque, hoje, enfrentamos um gargalo nesse sentido devido aos horários reduzidos e aos preços”, acredita o prefeito de Goiana em exercício, Eduardo Honório. Na Alepe, durante a votação, uma carta da prefeitura defendendo a entrada da cidade na RMR chegou a ser citada.
“Vejo que o sentimento da nossa população é de que uns 95% estão favoráveis a essa mudança. Vai melhorar o turismo de nossas praias, que são belas, vai melhorar o escoamento da nossa produção e toda a comunicação com a Capital, além de permitir que a gente participe de planos e linhas de financiamento que são direcionadas ao Recife e seu entorno. Acredito que será algo para melhor”, avalia.
A segurança pública é outro item que pode ter mudanças. Goiana é suprida por uma companhia independente do 2º Batalhão de Polícia Militar (PM), com sede em Nazaré da Mata, na Mata Norte. Como nenhum dos atuais 14 municípios da RMR compartilha batalhões da PM com cidades de fora da área metropolitana, é possível que a cidade passe a ser atendida por outra unidade, embora nada tenha sido discutido sobre o tema ainda.