Em reação imediata à tentativa do governo federal de promover o esvaziamento da fábrica da Hemobras de Goiana, na Mata Norte do Estado, com a construção de unidade similar no sul do País, lideranças políticas e sindicais realizarão audiência pública para "protestar" contra a iniciativa. O ato ocorrerá no próximo dia 27, às 9h, na Câmara Municipal de Goiana e estão sendo convocados prefeitos e vereadores da região, bem como representantes de vários setores da sociedade civil organizada.
O ato, denominado Audiência Pública em Defesa da Hemobras, está sendo coordenado pelo líder da Oposição no Senado, Humberto Costa, pela deputada estadual Teresa Leitão, pelo vereador Del do Bode e pelo PT de Goiana.
Localizada em uma área de 48 mil metros quadrados, tendo recebido, até agora, investimentos federais de mais de R$ 1 bilhão e com a sua conclusão prevista para 2019 (mas que deveria ter sido concluída em 2014), a fábrica da Hemobras, implantada há sete anos, nasceu de um projeto idealizado no governo do ex-presidente Lula quando Humberto era ministro da Saúde. A ideia do atual governo, através do titular da pasta, Ricardo Barros (PP-PR), é construir uma outra fábrica de hemoderivados na cidade de Maringá, no norte do Paraná. Na prática, um projeto esvazia o outro, uma vez que a nova unidade assumiria as funções hoje atribuídas à Hemobras. Maringá é o maior reduto eleitoral do ministro.
Há quase dois anos, a instituição foi alvo da Operação Pulso, responsável pela investigação de fraudes em licitações e contratos da Hemobrás. O desvio de recursos públicos supostamente beneficiaram empresários do Consórcio Bomi-Luft-Atlantis, também denunciados na ação.
Operação Pulso
A Operação Pulso foi deflagrada em dezembro de 2015. Durante o cumprimento dos 28 mandados de busca e apreensão, maços de dinheiro foram arremessados da janela de um dos apartamentos onde morava Rômulo Maciel.
De acordo com o MPF, as irregularidades foram cometidas entre novembro de 2013 e maio de 2015. O consórcio Bomi-Luft-Atlantis foi contratado para fazer a coleta de plasma nos hemocentros do país e concentrá-los no centro de distribuição em Itapevi (SP), onde a carga seria remetida à fábrica da Hemobrás na cidade pernambucana de Goiana. O pagamento era feito por quilômetro rodado.
Os diretores decidiram pagar o consórcio pela disponibilização de contêineres refrigerados para armazenagem do plasma por tempo indeterminado, em razão de acúmulo do insumo no centro de Itapevi. Para isso, eram usadas notas fiscais e leituras de quilometragem falsas para aumentar o valor dos pagamentos. De acordo com o MPF, o esquema resultou em superfaturamento de R$ 5,2 milhões, além de perda de insumos para produção e venda de medicamentos feitos a partir do plasma, devido à falta de controle das condições sanitárias pelo contratado.
A delegada Carla Patrícia, chefe da Delegacia Regional do Crime Organizado (Decor), declarou que os prejuízos causados por essas irregularidades são “incalculáveis, pois é uma perda para toda sociedade brasileira, afinal, o plasma pode amenizar o sofrimento de muitas pessoas, especialmente, para a população menos favorecida”.
Com informações da Assessoria do PT e Agência Brasil