Após a morte de Eduardo Campos, Geraldo Julio teria procurado diretor da JBS para cobrar propina a campanha de Paulo Câmara. Foto: Guga Matos/JC Imagem
Diretor da JBS, o delator Ricardo Saud afirmou, em delação à força-tarefa da Lava Jato, que negociou o pagamento de propina na campanha de 2014 com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e com o prefeito do Recife, Geraldo Julio; ambos do PSB. Tudo começou com um acerto para pagar R$ 15 milhões para a campanha presidencial do ex-governador Eduardo Campos, falecido em agosto de 2014. A delação envolve também o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB).
"Exatamente no dia que ele faleceu, eu estava com o Henrique que era a pessoa dele que ele mandava... Ou o Henrique, ou o Paulo Câmara ou o Geraldo Julio para ir lá tratar da propina", afirma Saud.
Após a morte de Eduardo, Saud conta que foi procurado por Geraldo Julio pedindo para que fosse honrado o pagamento do que havia sido negociado com Eduardo. O objetivo era vencer a eleição pelo governo de Pernambuco.
No início, a JBS queria pagar apenas o que foi combinado com o ex-governador. "Nós chegamos ao meio termo que íamos pagar para não atrapalhar a campanha do Paulo Câmara. E ainda darmos uma propina para o Paulo Câmara em dinheiro vivo lá em Pernambuco", afirma.
FBC
Segundo o delator da JBS, o senador Fernando Bezerra Coelho também se favoreceu do acordo. Ele indicou uma empresa que teria recebido R$ 1 milhão em 02 de setembro de 2014. "O Fernando Bezerra foi beneficiado. Essa nota fiscal aqui de R$ 1 milhão foi para ele", afirma Saud.
As informações vieram à tona com a divulgação pela Justiça dos vídeos das delações; que atingiram fortemente o presidente Michel Temer (PMDB).
RESPOSTA
Em nota divulgada na noite desta sexta-feira (19), o governador repudiou a denúncia. "Nunca solicitei e nem recebi recursos de qualquer empresa em troca de favores", escreveu. "Tenho uma vida dedicada ao serviço público. Sou um homem de classe média, que vivo do meu salário", afirmou ainda. No texto, o governador também refuta o uso do termo "propina"; embora a palavra seja empregada, mais de uma vez, pelo delator Ricardo Saud.
Em nota, o advogado de Fernando Bezerra Coelho, André Luiz Callegari, afirmou que "todas as doações para a campanha de Fernando Bezerra Coelho ao Senado foram devidamente declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral". A defesa afirma, ainda, que não teve acesso aos autos e que "repudia as declarações unilaterais divulgadas e ratifica que elas não correspondem à verdade".
Geraldo Julio repudia veementemente as acusações e diz que nunca tratou de recursos ilegais com a JBS ou com qualquer outra. Ele ainda diz que todas as doações recebidas pelo PSB foram legais.