'Mortômetro', divulgado pela Ordem dos Policiais do Brasil (OPB), traz um levantamento feito entre 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2016. Ao todo, são 493 mortos no Brasil e 16 em Pernambuco.
Pernambuco ocupa a 9ª posição no ranking de profissionais de segurança pública mortos em 2016. O 'mortômetro', divulgado pela Ordem dos Policiais do Brasil (OPB), traz um levantamento feito entre 1º de janeiro a 31 de dezembro do ano passado. O documento, que contabiliza 493 mortos em todo o Brasil em apenas um ano, sendo 16 no estado pernambucano, será entregue à Secretaria de Defesa Social e ao Ministério Público de Pernambuco no início de fevereiro.
A iniciativa será repetida em todos os 26 estados da União, além do Distrito Federal. “Vamos cobrar do poder público uma solução. É necessário enxergar essa dura realidade que vivemos. Não podemos tolerar esses números sem fazer nada”, pontuou o presidente nacional da OPB, Frederico França.
Com 16 mortes registradas nesse período, Pernambuco só perde para os estados da Bahia (41 mortos), Ceará (35) e Alagoas (19) no Nordeste. Ocupando o primeiro lugar no ranking, Rio de Janeiro computa 133 óbitos. Dos 493 mortos, 335 são policiais militares e 68 eram policiais civis, com uma média de idade de 40 anos.
Ainda de acordo com França, 60% das mortes se dá em serviço. “Quando o profissional não é morto em serviço ele é assassinado ao ser identificado na rua. O que está na linha de frente é o alvo principal, mas ser identificado na rua é a pena de morte do policial”, pontua.
Com uma rotina de trabalho extremamente estressante, o presidente da OPB lamenta que o Brasil não oferece um serviço de acompanhamento psicossocial a esse profissional, assim como é feito em muitos países. O policial vai acumulando pequenos transtornos diários até onde consegue suportar o emocional. Segundo França, os crescentes casos de alcoolismo, uso de drogas e suicídio são o retrato de uma situação já insustentável.
“A função neurológica do policial é uma questão delicada porque ele está preparado para uma primeira situação, mas depois ele vai precisar de acompanhamento porque acaba fazendo uma analogia com a sua família ao ver uma criança morta, uma mulher morta. Isso tudo mexe com o emocional dele, eles são humanos”, encerra.
Resposta da SDS
Por meio de nota, a Secretaria de Defesa Social (SDS) lamentou a morte de cada um dos policiais pernambucanos vítimas da violência. "Números, melhores ou piores, não dão a dimensão do sofrimento dos familiares que perderam seus entes queridos. E nem da falta que esses profissionais fazem para a segurança pública e sociedade", destaca o texto.
No documento, a pasta faz uma crítica ao levantamento. "Em estudos assim, para se ter uma análise mais apurada do problema, é fundamental verificar o coeficiente de mortalidade, ou seja, a quantidade de óbitos em relação ao efetivo policial das unidades federativas. Pernambuco, por exemplo, conta com 25.363 policiais servindo às polícias Civil e Militar. É o segundo maior efetivo do Nordeste (atrás apenas da Bahia) e o 6º do Brasil (perdendo para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul)".
A SDS finaliza a nota ressaltando que "Pernambuco tem a 16ª taxa de mortalidade entre os 27 estados brasileiros, com 63 mortes por cada grupo de 100 mil policiais. No Nordeste, o estado está na 6ª posição, sendo superado por Alagoas (1º na região), Ceará (2º), Bahia (3º), Sergipe (4º) e Paraíba (5º)".
G1