06 dezembro 2015

Economia: Comissão de Desenvolvimento Econômico realiza audiência pública sobre o trabalho da Hemobrás

Com o objetivo de conhecer o trabalho desenvolvido pela Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), a Comissão de Desenvolvimento Econômico realizou uma audiência pública, nesta quinta (3). Na ocasião, o panorama sobre as ações da Hemobrás e os avanços que serão alcançados após a conclusão das obras em Goiana, Zona da Mata Norte, em 2018, foram apresentados pelo diretor da empresa, Mozart Sales.

Primeira fábrica no Brasil com complexidade para produzir medicamentos hemoderivados, a Hemobrás tem colaborado para ampliar o acesso da população a tratamentos de doenças como Aids e hemofilia. Ao final das obras, a empresa terá capacidade de operar 500 mil litros/ano de plasma. Na obra, está prevista a construção de 17 prédios, distribuídos em 48 mil metros quadrados de área.

Mozart Sales relatou que a Hemobrás já consegue realizar o fracionamento industrial do plasma por meio de parceria com o Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB), firmada em 2007: “O Brasil envia esse plasma para a França e recebe quatro tipos de hemoderivados: albumina, imunoglobulina, Fator VIII e Fator IX”. “Posteriormente, esses medicamentos são distribuídos para todo o País, de forma gratuita, pelo SUS. Mesmo realizando o fracionamento na França, conseguimos obter uma economia de 40% no valor desses fármacos”, completou. A expectativa é de que, já a partir de 2018, a empresa passe a ter a autonomia desse processo”, complementou.

Na ocasião, Mozart também solicitou a interlocução da Assembleia para resolver problemas técnicos que têm impactado na atividade da Hemobrás, como a instabilidade no serviço fornecido pela Celpe: “Estamos lidando com o que tem de mais complexo no setor farmacoquímico. Uma queda de energia durante o processo de fracionamento do plasma pode acarretar em uma perda de milhões de reais. A companhia vai ter que tomar uma providência, sob pena de inviabilizar esse investimento”, argumentou.

A dificuldade técnica, que tem impedido 11 Estados brasileiros – entre eles, Bahia e Piauí – de fornecerem sangue para a Hemobrás, também foi pontuada por Mozart. “Em Pernambuco enfrentamos problemas semelhantes em Caruaru, Garanhuns (Agreste), Petrolina e Serra Talhada (Sertão). Não é possível que o Estado que sedia a Hemobrás apresente esse tipo de situação”, criticou. De acordo com ele, muitos dos hemocentros localizados nesses Estados e municípios terminam descartando plasma por falta de demanda. “Se fôssemos importar plasma, pagaríamos cerca de 160 dólares por litro. E nós estamos descartando, a um custo de R$ 860 por mil bolsas de sangue”, pontuou.

Outro problema relatado foi a realização de queimadas de cana-de-açúcar no entorno da fábrica. “O gasto com filtros para deter as partículas resultantes dessa combustão chega a R$ 2 milhões/ano”, destacou Mozart.

A importância da Hemobrás para a economia de Pernambuco foi ressaltada pelo presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, deputado Aluísio Lessa (PSB). Atualmente, a Hemobrás responde por R$ 7 milhões (ISS: R$ 3.429.900 e ICMS: R$ 4.271.590) na arrecadação de tributos do Estado. Quanto à geração de empregos, estima-se a geração de 600 diretos e 1,8 mil indiretos.


Como encaminhamentos, além de uma visita técnica à obra, ele se comprometeu a convocar uma reunião com o presidente da Celpe para buscar solucionar o problema denunciado. “Outras empresas sediadas em Goiana, como a Fiat, também já fizeram relatos do mesmo problema”, contou. Além disso, o socialista afirmou que encaminhará ofício a três entidades do setor sucroalcooleiro para impedir a queimada.

Alepe
 
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