Oito cidades concentram 70% das ocorrências. Média é maior que a nacional e a do Nordeste
A sífilis, doença sexualmente transmissível (DST) silenciosa, está crescendo na transmissão entre mãe e filhos em todo o País, mas em Pernambuco o alerta é maior. Enquanto no âmbito nacional a razão é da sífilis congênita é de 4,7 casos por mil crianças nascidas vidas, em Pernambuco, esse número é de 6,7. Ganhamos até para a média no Nordeste, que é de 5,3. Em Pernambuco, oito cidades - Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Ipojuca, Goiana e Paulista - concentram 70% dos casos. Mas a Capital amarga os piores índices: 18 crianças infectadas por mil nascidos vivos. O cenário é de alerta neste dia Dia Nacional de Combate à Sífilis, lembrado no terceiro sábado de outubro.
De acordo com o levantamento epidemiológico, em 2013 foram 950 recém-nascidos pernambucanos diagnosticados com a doença. Em 2014, as notificações já somam 1,2 mil casos, um aumento de 30% em comparação ao ano anterior. O número pode ser ainda maior, já que os dados ainda estão sujeitos a alterações. Interromper a cadeia de transmissão congênita é antiga no Estado e um dos maiores desafios. “A meta da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) é de 0,5 caso por mil crianças nascidas vidas. Temos muito chão pela frente”, afirmou o coordenador estadual do Programa de DST da Secretaria Estadual de Saúde (SES), François Figueroa.
François Figueroa explicou que a sífilis congênita já é de notificação compulsória há muitos anos, diferente da notificação dos casos adquiridos na população geral, que começou a ser de registro obrigatório somente a partir de 2010. “Só passamos a ter casos no sistema em 2011. Até 2014, só temos notificados em Pernambuco apenas 1,7 mil casos da sífilis adquirida. Já com relação as gestantes, que teve a notificação compulsória em 2005, tivemos até o ano passado 4,7 mil registros. Só que a soma da sífilis congênita entre 2005 e 2014 já é de 5,5 mil casos”, informou.
O coordenador frisou que os esforços para conter o cenário da doença são muitos, mas, neste momento, o maior é alcançar a população geral, o que vai impactar o número de gestantes doentes e a transmissão entre mãe e filho. Nesta guerra, é necessário investir na conscientização do uso do preservativo e na realização de exames para detecção da bactéria. “A doença não tem sintomas, mas a pessoa está infectada e transmitindo quando não usa camisinha. Muitas vezes, nem sabe que tem a doença”, comentou. Uma estratégia é aproximar os testes de sífilis da população através da atenção básica. Há também 34 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) no Estado que realizam o exame gratuitamente.
Fonte: FolhaPE