Num reconhecimento bastante considerável, as históricas bandas musicais sesquicentenárias de Goiana, Curica e Saboeira, além do grande Maestro Duda, ícone da música pernambucana e natural da cidade, estarão recebendo, na próxima segunda-feira (31/08), a Medalha José Pinto de Abreu, comenda outorgada pela Câmara de Vereadores do município para instituições ou pessoas que tenham se destacado no campo cultural, político, social, econômico e científico, contribuindo para o engrandecimento de Goiana, de Pernambuco e do Brasil.
A sessão solene acontecerá ao ar livre, em frente ao prédio da Câmara, na Avenida Marechal Deodoro da Fonseca, 115, no centro de Goiana, a partir das 19h.
Na ocasião, autoridades municipais e estaduais da área cultural estarão prestigiando o evento que terá como ponto alto o momento em que o maestro goianense regerá as duas bandas que têm em seu currículo a recepção ao imperador Dom Pedro II, quando de sua visita a Goiana, em 1859. A história das entidades se reveste de elevada importância cultural. A Curica, fundada em 8 de setembro de 1848, é Patrimônio Vivo de Pernambuco (Lei 12.196/2002) e considerada a mais antiga (em atividade ininterrupta) da América Latina. Grandes músicos e regentes pernambucanos, e porque não dizer brasileiros, envergaram os instrumentos e regeram as duas sociedades musicais.
Pela Saboeira, por exemplo, passaram o próprio José Ursicino da Silva (nome de batismo do Maestro Duda), Guedes Peixoto e Inaldo Cavalcante de Albuquerque, o não menos famoso Maestro Spok. O músico pernambucano José Lourenço da Silva, um dos mais importantes da história do frevo, sobretudo na primeira metade do século passado, conhecido como Capitão Zuzinha, que denomina rua em Boa Viagem e a banda musical da Polícia Militar de Pernambuco, aos 17 anos iniciou como regente na Saboeira e posteriormente também teve passagem pela Curica, antes de ser o regente da supracitada banda militar.
O Maestro Duda também é Patrimônio Vivo do estado e foi eleito um dos 100 maiores arranjadores do século (no Brasil apenas ao lado do carioca Pixinguinha e do mineiro Wagner Tiso). Tem sambas gravados por Jamelão e arranjos inseridos em frevos de sucesso de J. Michiles e Luiz Bandeira, interpretados por Alceu Valença, a exemplo de Roda e Avisa e Voltei Recife, respectivamente.
Uma grandiosa, justa e merecida homenagem de Goiana, terra também de Sebastião Lopes (compositor autor de Maracatu Real e contemporâneo de Nélson Ferreira) e Accioly Neto (Espumas ao Vento e Lembrança de Um Beijo), aos seus ícones musicais. Não somente seus, mas também de Pernambuco, do Nordeste, do Brasil e do Mundo.
Por Hélder Gadelha