22 fevereiro 2015

Seca: Compesa se prepara para usar volume morto da Barragem de Botafogo

A Barragem de Botafogo, em Igarassu, está com apenas 16% da sua capacidade em função da pior seca dos últimos 50 anos. Em dezembro passado, esse número era 22%. A companhia informou, nesta sexta-feira (20), que, caso não chova nos próximos 30 dias, terá que fazer uso do volume morto. A expectativa dos técnicos da companhia é que isso ocorra quando o reservatório atingir 14% do seu volume total.

Para preservar o manancial até maio, período habitual das chuvas, a Compesa decidiu, no final do ano passado, ampliar o racionamento em vários bairros das cidades de Olinda, Abreu e Lima, Igarassu e Paulista, que são abastecidas por este sistema. A iniciativa atingiu cerca de 300 mil pessoas.

No entanto, no carnaval essa mesma Barragem de Botafogo abasteceu diariamente Olinda, que normalmente passa três dias sem água e um dia com. A Reportagem do Diario pediu esclarecimentos à Compesa para saber o quanto o cancelamento do racioanamento durante a festa influenciou nesse quadro. O diretor Regional Metropolitano da Compesa, Fernando Lôbo, afirmou que a amplição do uso do reservatório durante o carnaval foi feito com base em uma simulação de que não haveria risco de colapso.
"A utilização do volume morto já era prevista. Mas estamos pedindo o apoio da população para evitar o desperdício", ressaltou. Ainda segundo Lôbo, o prejuízo de não ter água durante o carnaval seria maior, com riscos à saúde das pessoas.

Visita - Fernando Lôbo esteve nesta sexta-feira (20) na barragem, acompanhado de técnicos, para checar a situação do manancial. Segundo ele, a Compesa está se antecipando aos fatos. Para acessar o volume morto a companhia irá usar bombas submersas fixadas em uma balsa para fazer o bombeamento da vazão de 200 l/s, quando o nível da barragem estiver abaixo da última tomada de água. O flutuante, como a balsa é chamada, só será usado quando o nível na barragem não mais permitir a captação por gravidade através da comporta localizada na torre da tomada de água.

"A partir desta data, se não chover, a única alternativa será usar o volume morto. A medida é preventiva e demonstra a nossa preocupação com o abastecimento", afirmou o diretor. A Barragem de Botafogo detém atualmente o pior volume de armazenamento de água da RMR. Esta é a segunda pior crise da barragem desde a sua inauguração, em 1980. Sob o efeito do El Niño, em 1999, o reservatório atingiu 8% da sua capacidade, quando foi usado o volume morto.

Alternativas - Atualmente, a Compesa, além de se preparar para utilizar o volume morto, está buscando viabilizar, através do Governo do Estado, recursos financeiros junto ao Ministério da Integração visando a execução de obras emergenciais para atender essa região. Um dos projetos é a transposição do Rio Capibaribe para a Barragem de Botafogo. O investimento será de cerca de R$ 30 milhões e o projeto já está finalizado. Outro empreendimento é a obra de ampliação do sistema adutor a partir do Rio Arataca. Essa alternativa também já foi apresentada ao Ministério da Integração e encontra-se em elaboração o Termo de Referência para contratação do projeto.
DiariodePernambuco
 
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