José do Carmo Souza, natural de Goiana, Zona da Mata de Pernambuco, nasceu em 19 de novembro de 1933. Seus pais, Joana Izabel de Assunção e Manuel de Souza dos Santos, que também eram artesãos, influenciaram muito sua produção artística. Já em 1940, aos 7 anos de idade, começou a fazer figuras de barro para comercializar nas feiras locais. Baseado no estilo da mãe, ele esculpia figuras de trabalhadores como carregadores de açúcar e de água, agricultores, jornaleiros, tocadores de bandolim e apanhadores de papel, por exemplo. Num momento posterior, no entanto, iniciou sua prática de produção de anjos com fisionomias que se distanciavam dos princípios católicos de sua mãe, que o proibiu de fabricá-los naquele momento.
Após a morte materna, Zé do Carmo retornaria a produzir seus anjos, no estilo que se tornou uma marca singular de sua expressão artística, uma forma de “adaptar” as figuras do imaginário católico para o contexto nordestino, denominada por ele de transfiguração humana. Em 1980, produziu uma escultura de dois metros de altura para dar de presente ao Papa João Paulo II, por ocasião da visita do sumo pontífice ao Brasil. A obra se chamava “Anjo do Sertão”. Esta, porém, foi recusada pela Igreja católica, muito provavelmente pelo caráter profano que parecia suscitar nos seus representantes. Com relação às suas pinturas, os tons acres e arroxeados que lembram muito a textura da terra preenchem habitualmente as suas aquarelas. Em 2005, Zé do Carmo recebeu o titulo de Patrimônio Vivo de Pernambuco.
Secult/PE