O incessante quicar das bolas e sorrisos deram o tom de uma manhã diferente em Goiana, cidade pernambucana localizada a 62km do Recife. Os sons de basquete e de brincadeira preencheram o ambiente da quadra do Sesc, ontem, em um Dia das Crianças especial para os garotos e garotas que tiveram a oportunidade de participar de uma aula do projeto Cestinhas do Futuro, acompanhados por jogadoras renomadas como Érika e Adrianinha. O momento de diversão inicial pode significar algo mais pra frente. Em cada um deles, foi plantada uma semente que poderá se desenvolver com as aulas e atividades semanais que estão por vir no local.
“Gostei de jogar. Só tinha visto na televisão e agora consegui arremessar”, disse com empolgação João Vitor, 13 anos, logo após terminar de se divertir. “Quem me ensinou a fazer cesta de três pontos e bater a bola foi aquela jogadora que tem uma filha”, acrescentou, referindo-se a ninguém menos que a armadora Adrianinha, recentemente aposentada da seleção brasileira e que estava acompanhada da filha Aaliyah, 7, craque de bola para sua faixa etária.
O desconhecimento do garoto vem de sua pouca idade, mas também é reflexo da dificuldade que os esportes olímpicos têm para atingir cidades do interior. Diminuir essa distância de boa parte das crianças com o basquete é um dos maiores objetivos do Cestinhas do Futuro, cuja meta é montar turmas em todas as unidades do Sesc em Pernambuco. O trabalho é feito com o apoio da equipe profissional do Uninassau/América, uma das favoritas ao título da Liga de Basquete Feminino (LBF) na temporada.
“Temos a Liga, mas não podemos esquecer o paralelo que é a formação de atletas. Queremos fomentar o interesse e a comunidade vai entender o que é basquete. Com tudo funcionando a pleno vapor, esperamos que novos talentos possam surgir daqui a alguns anos”, afirmou o treinador e idealizador do projeto, Roberto Dornelas. Há dois anos, havia começado o trabalho no Sport, de onde saiu em maio. Agora, achou uma nova casa no América com parceiros que acreditaram na ideia.
Entre a garotada de Goiana, a recepção foi a melhor possível. “Foi muito legal. Fiquei brincando ali com a bola. De vez em quando acertava (arremesso). Quando tiver aula acho que vou participar”, disse Luiz Guilherme, de 16. Já Orlando Guedes, 14, conhecia o esporte. “Eu jogava em Barueri, quando morava lá, e assisti a um jogo do Sport no Recife. Aqui não tem time para eu jogar, mas espero que eu possa ir para as aulas, porque gosto de basquete. Vou chamar meus amigos também”.
E não foram só os jovens de Goiana que se divertiram ontem. Um dos garotos que mais chamava a atenção era Ian Vasconcelos, que hoje completa 1 ano e 11 meses. Filho da jogadora do Uninassau/América Ingrid Vasconcelos e neto da ex-jogadora Ceça Vasconcelos, ele contagiava a mãe, a avó e as outras jogadoras com suas tentativas de bater a bola. “Ele já nasceu com o basquete no sangue. Mas hoje ele está dividido entre a bola e o pula-pula que tem lá fora”, comentou Ingrid.
No Recife, já funcionam três turmas do Cestinhas do Futuro no Sesc de Santo Amaro, sendo duas pros estudantes da unidade e uma aberta para garotas moradoras dos bairros próximos. A próxima será em Casa Amarela. Depois de consolidados esses pólos, serão planejados os próximos. “Temos que chegar a Petrolina. Vamos gradativamente construindo isso”, finalizou Dornelas.
JCOnline