Líderes de ambos partidos usaram comparações ao nazismo e fizeram ofensas pessoais
A aproximação da votação de domingo 26 e a pouca distância entre a presidenta Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) nas pesquisas de opinião estão acirrando os ânimos das campanhas em todos lugares. Ao mesmo tempo, o nível dos discursos desce a ladeira nos dois lados.
Exemplos do baixo nível foram abundantes nesta terça-feira 21. Em Pernambuco, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanhou Dilma em quatro eventos no estado e atacou Aécio e o PSDB. Em Goiana (PE), Lula criticou os ataques feitos por Aécio a Dilma nos debates eleitorais entre os dois e disse que o tucano "não teve educação no berço". "Um homem de respeito, um homem sério, um homem que quer governar este país, diante da presidenta da República, ele tem que respeitar", afirmou Lula. No mesmo dia, Dilma também usou um tom agressivo: “vamos deixar pena de tucano voando por aí”.
No Recife, na noite de terça, Lula foi além. Comparou os adversários do PT a nazistas e a Herodes, governante da Judeia, sob o mando de quem Jesus Cristo foi assassinado. "De vez em quando, parece que estão agredindo a gente como os nazistas agrediam na Segunda Guerra Mundial", afirmou Lula. "Vocês são mais intolerantes que Herodes, que mandou matar Jesus Cristo", disse.
O baixo nível e as comparações com o nazismo não são exclusividade do PT. Na semana passada, o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, comparou o marqueteiro de Dilma, João Santana, ao ministro da Propaganda nazista, Joseph Goebbels. "O marqueteiro da minha adversária mais parece discípulo de Goebbels, que era o ministro da Comunicação do nazismo, que repetiu a mentira até que ela virasse verdade. Aqui não. Não vou deixar que isso aconteça", disse o tucano.
Aécio também tem usado um tom agressivo, questionando a liberdade no Brasil sob o governo petista. "Quero dizer a todos os brasileiros: comigo, não. Eu não tenho medo do PT. Vou vencer o PT. Vou libertar o país desse partido político que tomou conta do Brasil e esqueceu dos brasileiros”, disse o tucano, também nesta terça em Campo Grande.
Em Goiânia, no mesmo dia, o tucano fez discurso semelhante. Lá, ele também comparou a situação atual à de Tancredo Neves, seu avô, que foi o primeiro presidente eleito após a ditadura mas não chegou a tomar posse. "Assim como há 30 anos Tancredo convocava de Goiás todos os brasileiros para deixar o regime autoritário, quero convocar os brasileiros a deixar para trás o tempo da corrupção, do desgoverno, da irresponsabilidade, da infâmia e da mentira", disse Aécio.
Seus aliados seguem na mesma linha ao responder as críticas por conta da falta de água em São Paulo, estado governado por Geraldo Alckmin (PSDB). Ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman questionou o uso da falta de água na campanha política. “Dilma merece a medalha da sacanagem. Fazendo o que faz, vai perder a legitimidade se for reeleita”, disse Goldman.
Ex-secretário de Geraldo Alckmin e suplente de José Serra, eleito senador por São Paulo, José Anibal insultou o diretor da Agência Nacional de Águas, Vicente Andreu, em sua conta no Twitter. “Este vagabundo, Vicente Andreu, que deveria estar trabalhando em Brasília, disse que a segunda cota do volume morto é "pré-tragédia", escreveu Aníbal, desejando que ele fosse ao “lodo”. Com mais quatro dias até a eleição, são esperadas mais afirmações deste tipo de ambos os lados. Quem perde é o eleitor.
Carta Capital