25 outubro 2014

Eleições: Dilma diz que moverá ação por calúnia e difamação contra ‘Veja’

Presidente vai entrar com um total de sete ações na Justiça contra a revista por acusações sobre corrupção na Petrobrás

Dentre as sete ações que a presidente Dilma Rousseff vai entrar na Justiça contra a revista Veja, por tê-la acusado de ter conhecimento das irregularidades ocorridas na Petrobrás, investigadas pela Polícia Federal, uma delas será cível, como pessoa física, por calúnia e difamação exigindo indenização. "Eu, Dilma, vou entrar com uma ação. Ninguém diz que sou isso e fica por isso mesmo. Não tem como. Ninguém me envolve numa denúncia dessas e isso ficar por isso mesmo. De jeito nenhum. Não admito. Vou até as últimas consequências", desabafou, inconformada, a presidente.

"Não vão me acusar assim e eu ficar ouvindo e não fazer nada. Não vão", emendou a presidente, de acordo com seus interlocutores. A ideia é entrar com ações na semana que vem, a partir de segunda-feira. Até o final do dia, nenhum das ações estava sendo impetrada via Advocacia-Geral da União (AGU), mas sim, pelo PT.

Após tomar conhecimento das acusações, a presidente Dilma e o marqueteiro João Santana decidiram que o fato não poderia deixar de ter resposta e o melhor momento seria usar o horário eleitoral para se defender. Embora a equipe já tivesse sido desmobilizada, todos foram convocados, voltaram na quinta-feira, 23, ao hotel onde a presidente estava hospedada e, às 22 horas, Dilma começou a regravar as últimas peças do horário eleitoral gratuito, que seriam divulgadas a partir da manhã desta sexta-feira. A operação foi até tarde da noite. Praticamente toda a peça que havia sido produzida para ser apresentada no último programa eleitoral foi jogada fora, para dar lugar ao desabafo exibido hoje.

Dilma foi dormir "indignada", depois de gravar um pronunciamento em tom de desabafo, classificando a iniciativa da revista de "terrorismo eleitoral", que "excedeu todos os limites". As palavras, eram da própria presidente, que não se cansava de repetir isso. Ao final, todos ficaram bastante satisfeitos com a firmeza da presidente e tom de indignação e retaliação ao que todos insistiam em chamar de "factoide eleitoral".

Na quinta-feira (23), Dilma dedicou o dia para se preparar para o debate. Já havia encerrado o media training do dia quando desceu ao térreo do hotel em que está hospedada para conceder entrevista à imprensa. Àquela altura, apenas existiam rumores de que a Veja anteciparia sua edição. Bem mais tarde, quando os auxiliares já tinham sido dispensados, veio a "bomba" e um turbilhão tomou conta da coordenação de campanha.

Com isso, o dia de hoje foi dedicado a redefinir a estratégia do debate e recomeçar os ensaios de como reagir aos ataques do seu adversário, Aécio Neves. O tucano será o primeiro a perguntar no debate da TV Globo, pelas regras estabelecidas, e todos os auxiliares apostavam que ele começaria atirando, usando a denúncia da Veja.

Hoje foram horas e horas de preparação de Dilma. A campanha decidiu que não haveria entrevista à imprensa nesta sexta-feira porque entendia que o momento não é de exposição, ao contrário, é hora de se preservar. Ao final, um dos coordenadores da campanha reiterou que ela estava "preparadíssima" e "tranquila" e avisou que "ela vai dar beijinho no ombro".

"A presidente está pronta para um debate de alto nível, mas preparada para as cascas de banana que Aécio (Aécio Neves, candidato do PSDB ao Planalto) possa tentar jogar, inclusive as acusações infundadas trazidas pela Veja", comentou outro assessor. "Se for light, ela vai ser light. Se o jogo for pesado, a presidente está pronta para responder à altura no debate", avisou outro interlocutor de Dilma.

Em nota divulgada no final da tarde desta sexta-feira, a Veja afirmou que os fatos mencionados na reportagem ocorreram na terça, 21, e que apuração atingiu a "clareza necessária para publicação" na tarde de quinta-feira, 23. "Parece evidente que o corolário de ver nos fatos narrados por VEJA um efeito eleitoral por terem vindo a público antes das eleições é reconhecer que temeridade mesmo seria tê-los escondido até o fechamento das urnas", diz a nota.

Estadão
 
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