Fábrica do grupo Fiat irá produzir 250 mil veículos da marca Jeep por ano.
Seja qual for o PIB (Produto Interno Bruto) de Pernambuco em 2020, ele será 6,5% maior por causa do início das operações da fábrica do Grupo Fiat em Goiana, na Mata Norte do Estado. A projeção faz parte de um estudo divulgado nesta terça-feira (28) pelo secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Márcio Stefanni. Já em 2014, os investimentos da montadora irão incrementar em 0,8% o PIB pernambucano.
Com a fábrica, que tem previsão de entrar em operação no primeiro trimestre de 2015, a participação da indústria de transformação no PIB do Estado irá passar de 11,31% em 2013 para 12,32% em 2010.
O diagnóstico deve se transformar em um plano de ações para a região do polo automotivo para tentar atender a infraestrutura necessária no conjunto de 10 cidades que serão impactadas pelo empreendimento. O plano está sendo processado pelo Governo do Estado e será apresentado ao futuro governador Paulo Câmara (PSB), que assume em janeiro.
“O desafio é transformar o PIB em renda”, reconheceu Stefanni, sobre a necessidade de fazer com que as riquezas criadas na região sejam convertidas em renda para a população da Mata Norte. “Cabe ao setor privado atentar para as oportunidades existentes. Nós vivemos numa economia de mercado”, defendeu.
Em 2012, a o PIB per capita em Goiana, Igarassu e Itapissuma, que centrarão a fábrica da Fiat e o parque de sistemistas, era de R$ 12,8 mil. Em 2020, deve girar em torno de R$ 26 mil. O PIB per capita, porém, não significa que a renda per capita (soma dos salários da população, divida pelo número de habitantes) será a mesma.
O diagnóstico mostra que a massa salarial pernambucana crescerá R$ 2,1 bilhões até 2020, como resultado dos 47,5 mil empregos diretos gerados pelo polo automotivo. Só nos municípios de Goiana, Igarassu e Itapissuma, a massa salarial saltará de R$ 347 milhões, em 2010, para R$ 2,3 bilhões em 2020.
Fábrica de Goiana deve ficar pronta no primeiro trimestre de 2015.
O empreendimento também vai ampliar a arrecadação das cidades do entorno do polo automotivo. Em Goiana, a previsão do estudo é que a receita corrente do município passe de R$ 60,57 milhões, em 2013, para R$ 119,45 milhões em 2020.
Em Igarassu, no mesmo período, a receita do município deve passar de R$ 84,3 milhões para R$ 144,21 milhões. Em Itapissuma, a arrecadação vai subir de R$ 44,81 milhões para R$ 126,71 milhões. “Há espaço fiscal para atender às necessidades da cidade”, defende Stefanni.
Uma das dificuldades será atender o significativo aumento da população. Em Goiana, o Censo de 2010 mostrava uma população de 75,6 mil pessoas. De acordo com o estudo, o número de habitantes passará para 88 mil em 2020, impulsionado pelos migrantes que se instalarão na cidade.
O diagnóstico mostra que 44,7% dos empregos da cidade são informais e que 55,6% da população vive com menos de um salário mínimo. Outros 5,3% da população não possui rendimentos.
POLÍTICA – Ao longo da última campanha eleitoral, encerrada nesse domingo (26), a fábrica do grupo Fiat em Goiana entrou no meio das discussões políticas em Pernambuco. No segundo turno da disputa nacional, a presidente Dilma Rousseff (PT) cobrou a paternidade do PT sobre o empreendimento. O adversário dela, o senador Aécio Neves (PSDB), havia lutado para que a fábrica fosse instalada em Minas Gerais, e não no Nordeste. Dilma chegou a visita o local ao lado do ex-presidente Lula (PT).
Em contrapartida, o PSB de Pernambuco, que apoiou Aécio no segundo turno, critica o governo federal por não destravar o Arco Metropolitano, obra viária prioritária para o Estado e que, dentre outras coisas, servirá para escoar a produção do polo automotivo. “Aguardamos ansiosamente, como mecanismo de desenvolvimento para o Nordeste, a construção do Arco Metropolitano”, cobrou Stefanni nesta terça.
A fábrica do grupo Fiat, que deve começar a funcionar no primeiro trimestre de 2015, irá construir cerca de 250 mil veículos da marca Jeep anualmente. Até o momento, 90% do empreendimento já está pronto. A montadora investe R$ 7 bilhões na construção da fábrica, uma das maiores do mundo.
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