A Jeep de Goiana, fábrica da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) em Pernambuco, recebeu benefícios fiscais para as primeiras importações de ferramentas e peças para a produção de veículos no Estado, a exemplo de tintas e vernizes, espelhos retrovisores, fechaduras e motores. Procurado, o grupo não comenta o assunto. A Secretaria da Fazenda (Sefaz), no entanto, informa que a lista de itens beneficiados, divulgada por obrigação legal, reúne os insumos “mais urgentes” para dar início à produção em Goiana. A lista tende a crescer entre a fase atual, de obras e pré-operação, e a fabricação em escala comercial da Jeep, prevista para o primeiro trimestre do ano que vem.
O veículo que vai inaugurar a linha de produção em Pernambuco é o Renegade, primeiro modelo global da FCA após a fusão oficial da italiana Fiat com a americana Chrysler. “Modelo global” é o que tem lançamento e produção quase simultâneos em mercados diferentes ao redor do mundo, como Brasil, China e Itália. A unidade de Goiana, a mais moderna da Fiat Chrysler, tem posição estratégica para o novo supergrupo, um investimento de R$ 4 bilhões.
E o cronograma da montadora já prevê para Pernambuco o segundo modelo em 2015 e o terceiro em 2016. A capacidade de produção de Goiana será de 200 mil veículos por ano. “A relação de produtos com benefícios fiscais para importação já divulgados é parcial. São os que têm mais urgência para a Fiat. Até o final do ano teremos uma série de novos itens”, diz o superintendente jurídico da Secretaria da Fazenda, Nilo Silva.
O benefício, o diferimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), transfere o “momento” da incidência do tributo para outra etapa da produção e vendas, e é previsto no Programa de Desenvolvimento do Setor Automotivo de Pernambuco (Prodeauto), criado em 2008. Já na época a lei previa a divulgação de uma lista de importações beneficiadas, relação divulgada só na última terça-feira. Até o ano que vem, fornecedores da Jeep também devem ter uma lista própria.
Segundo a FCA, 80% dos componentes usados em Goiana terão origem nacional – desses, 40% virão de 16 fornecedores no terreno da montadora, que vão entregar autopartes em tempo real, os sistemistas. Os outros 20% virão do exterior.
Como na indústria automotiva o segredo é levado a sério, a FCA não respondeu à reportagem e os Portos do Recife e Suape não souberam informar quando e como serão as importações. Mas é certo: a fábrica trará uma rotina logística por mar e terra de componentes internacionais para Goiana.
Fonte: Jc Online