Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Explosão do número de assaltos e homicídios assusta moradores da cidade, que sofre com a falta de policiamento
Os olhares assustados e as atitudes evasivas dos moradores denunciam: há algo muito grave acontecendo em Macaparana, na Zona da Mata Norte. O clima é de permanente tensão por conta de uma onda de assaltos que sacode a cidade há pelo menos seis meses. De acordo com a Polícia Civil, uma quadrilha com criminosos da região - que abrange os municípios de São Vicente Ferrer e Natuba (PB) - é responsável por uma série de roubos de veículos e assaltos a estabelecimentos comerciais. Os crimes contra o patrimônio na cidade aumentaram 100% em relação aos seis primeiros meses do ano passado e os homicídios registram crescimento de 50% no mesmo período, segundo dados da secretaria de Defesa Social (SDS).
É difícil conseguir dos moradores de Macaparana depoimentos sobre os crimes. As poucas pessoas que se dispõem a falar o fazem apenas sob anonimato. “É todo dia e a qualquer hora, meu filho. Quase todas as lojas dessa rua já foram assaltadas”, disse uma senhora, referindo se à Travessa do Alecrim, no Centro.
Numa das lojas indicadas - um armarinho - o dono não quis falar. Mais à frente, um supermercado já assaltado três vezes em quatro meses. Nova negativa, sempre sob a alegação de que a pessoa não pode se expor.
Uma ação emblemática dos criminosos ilustra o medo da população. No dia 29 de maio, quatro homens em duas motos assaltaram a única casa lotérica de Macaparana, que fica a 40 metros da delegacia do município. O crime aconteceu às 11h, com o estabelecimento lotado de clientes, inclusive idosos e crianças. “Estavam armados com espingardas calibre 12 e pistolas. Renderam todos, levaram R$ 4 mil e ainda saíram dando tiros pra cima em frente ao Fórum da cidade”, conta o gerente da loteria, que pediu para não ter o nome divulgado. “Estamos entregues”, desabafa.
Não faltam motivos para o sentimento de abandono. A cidade tem 25 mil habitantes e um efetivo de apenas cinco policiais militares. Para chegar ao número de policiais por habitante recomendado pela ONU - 250 - Macaparana precisaria de outros 95.
Os criminosos não fazem distinção entre o Centro da cidade e os dois distritos da zona rural, Pirauá e Poço Comprido. “Roubam motos, carros e atiram pra matar. Um amigo foi parado numa estrada da zona rural e três deles dispararam do nada contra o carro. Sorte que nada aconteceu com ele”, conta um comerciante, que também não quis se identificar.
Três PMs fazem ronda na única viatura do município - emprestada da cidade de Buenos Aires - e dois guardam a cadeia pública. “No dia do assalto à lotérica houve um chamado para que a viatura verificasse uma ocorrência na zona rural. Suspeitamos que tenha sido a quadrilha, para que pudessem agir na cidade”, explica o delegado Herbert Martins, que acumula a 16ª Delegacia de Goiana com a de Macaparana.
A onda de assaltos tem um efeito óbvio no comércio da cidade. “Ainda não conseguimos dimensionar os prejuízos. Mas o pior ainda é ver os comerciantes trabalhando em estado de tensão”, diz o presidente da Câmara de Diretores Lojistas (CDL) de Macaparana, Ronaldo Oliveira. No último dia 2 o comércio da cidade fechou as portas e os lojistas saíram às ruas pedindo segurança. “No dia seguinte assaltaram o supermercado de um dos organizadores da passeata”, afirma Ronaldo.
JCOnline
É difícil conseguir dos moradores de Macaparana depoimentos sobre os crimes. As poucas pessoas que se dispõem a falar o fazem apenas sob anonimato. “É todo dia e a qualquer hora, meu filho. Quase todas as lojas dessa rua já foram assaltadas”, disse uma senhora, referindo se à Travessa do Alecrim, no Centro.
Numa das lojas indicadas - um armarinho - o dono não quis falar. Mais à frente, um supermercado já assaltado três vezes em quatro meses. Nova negativa, sempre sob a alegação de que a pessoa não pode se expor.
Uma ação emblemática dos criminosos ilustra o medo da população. No dia 29 de maio, quatro homens em duas motos assaltaram a única casa lotérica de Macaparana, que fica a 40 metros da delegacia do município. O crime aconteceu às 11h, com o estabelecimento lotado de clientes, inclusive idosos e crianças. “Estavam armados com espingardas calibre 12 e pistolas. Renderam todos, levaram R$ 4 mil e ainda saíram dando tiros pra cima em frente ao Fórum da cidade”, conta o gerente da loteria, que pediu para não ter o nome divulgado. “Estamos entregues”, desabafa.
Não faltam motivos para o sentimento de abandono. A cidade tem 25 mil habitantes e um efetivo de apenas cinco policiais militares. Para chegar ao número de policiais por habitante recomendado pela ONU - 250 - Macaparana precisaria de outros 95.
Os criminosos não fazem distinção entre o Centro da cidade e os dois distritos da zona rural, Pirauá e Poço Comprido. “Roubam motos, carros e atiram pra matar. Um amigo foi parado numa estrada da zona rural e três deles dispararam do nada contra o carro. Sorte que nada aconteceu com ele”, conta um comerciante, que também não quis se identificar.
Três PMs fazem ronda na única viatura do município - emprestada da cidade de Buenos Aires - e dois guardam a cadeia pública. “No dia do assalto à lotérica houve um chamado para que a viatura verificasse uma ocorrência na zona rural. Suspeitamos que tenha sido a quadrilha, para que pudessem agir na cidade”, explica o delegado Herbert Martins, que acumula a 16ª Delegacia de Goiana com a de Macaparana.
A onda de assaltos tem um efeito óbvio no comércio da cidade. “Ainda não conseguimos dimensionar os prejuízos. Mas o pior ainda é ver os comerciantes trabalhando em estado de tensão”, diz o presidente da Câmara de Diretores Lojistas (CDL) de Macaparana, Ronaldo Oliveira. No último dia 2 o comércio da cidade fechou as portas e os lojistas saíram às ruas pedindo segurança. “No dia seguinte assaltaram o supermercado de um dos organizadores da passeata”, afirma Ronaldo.
JCOnline