06 março 2014

Profissionalização: Demanda abre mercado para escolas técnicas

Redes se expandem em municípios estratégicos, como Goiana, Vitória de Santo Antão e Cabo de Santo Agostinho

De olho na demanda do mercado, as escolas de ensino técnico de Pernambuco estão se expandindo rapidamente. Com pouco menos de cinco anos de existência, as redes já conseguiram construir unidades em municípios estratégicos, a exemplo de Goiana, de Vitória de Santo Antão e do Cabo de Santo Agostinho. Em alguns casos, os planos de expansão já atingem outros estados do Nordeste, além das regiões Sul e Sudeste. Sinal de que a procura por esse tipo de capacitação continua grande.

As instituições de ensino pegam carona na necessidade que as empresas têm por profissionais com cursos técnicos. Hoje, cerca de 90% das empresas brasileiras têm dificuldades de contratar mão de obra, segundo estudo realizado pela Fundação Dom Cabral. Neste cenário, os trabalhadores com nível técnico são os mais demandados: aproximadamente 65% das empresas possuem dificuldade em encontrar esse tipo de profissional, de acordo com o estudo.

"Há novas empresas chegando ao estado. Elas precisam de mão de obra capacitada em um tempo menor, se comparado aos cursos superiores, e os cursos técnicos são alternativas para suprir essa carência", explica Ruy Porto Filho, proprietário da rede de ensino Grau Técnico. Com pouco mais de três anos no mercado e 15 mil alunos, a empresa já possui 13 unidades em Pernambuco. Em outubro, a rede inaugurou uma unidade em São Luís, no Maranhão. Outras três serão abertas em março, sendo duas em Fortaleza e uma em Natal.
Foto: Julio Jacobina /DP/ D.A Press

A expansão acontece principalmente por meio de franquias. É o caso da escola Grau Técnico. "Fizemos estudos nas cidades e vimos que havia demanda suficiente. Analisamos os concorrentes, preço médio e procuramos nos adequar às necessidades de cada estado. A parceria com nossos franqueados também foi importante", detalha o empresário. Ele revela que, até dezembro, devem ser inauguradas unidades nas cidades de Curitiba e São Paulo, além do estado de Minas Gerais. O investimento em cada unidade é de aproximadamente R$ 900 mil.

O lançamento do polo farmacoquímico, em Goiana, impulsionou o surgimento da Escola Técnica Pernambucana (ETP) na cidade. "A nossa proposta era atender, a princípio, a região da Mata Norte. Em 2011, inauguramos uma unidade em Paulista", lembra o proprietário da instituição, Valter Batista. A instalação de empresas como Mondeléz (ex-Kraft Foods) e BRF (Sadia) no município de Vitória de Santo Antão, no Agreste, fez com que a instituição inaugurasse uma unidade na cidade.

Pouco tempo depois, a ETP inaugurou outra unidade, desta vez em Jaboatão. "Abrimos um centro em Candeias para atender à demanda das empresas localizadas em Suape", explica Batista. A unidade de Goiana, inclusive, atende alunos da Paraíba. Apesar de não haver negociações em andamento, o empresário diz que a rede tem interesse em se expandir para Caruaru, no Agreste, e Petrolina, no Sertão.

Estudantes devem ter atenção

Com tantas instituições de ensino no mercado, é preciso ficar atento antes de se matricular. Os estudantes precisam checar, em primeiro lugar, se há demanda no mercado para o curso pretendido. "Isso é de extrema importância, já que há um investimento financeiro no jogo. Ele precisa da garantia de que será absorvido pelo mercado", afirma a pró-reitora de ensino do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), Edilene Guimarães.

Ela lembra, ainda, que é possível ver quais os cursos técnicos autorizados pelo Ministério da Educação (MEC). "As informações podem ser encontradas no catálogo nacional dos cursos técnicos, disponível na internet. Caso o curso que o estudante pretende fazer não esteja listado, ele terá problemas em relação ao diploma", alerta.  É preciso, ainda, verificar se as instituições estão credenciadas pelo MEC.

Outros itens também devem ser levados em consideração. "A qualificação e a experiência do corpo docente precisam ser observadas. É importante que os professores atuem no mercado de trabalho, porque as áreas são muito dinâmicas", enfatiza. A pró-reitora lembra, ainda, que muitas instituições oferecem cursos profissionalizantes, mas os apresentam como técnicos. "Para que uma capacitação seja considerada de nível técnico, é preciso ter, no mínimo entre 800 horas/aula e 1.200 horas/aula", explica.

DiariodePernambuco
 
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