Matéria especial da Rede Brasil de Comunicação
A Equipe RBC viajou pouco mais de 60 km para conferir o que acontece em uma das cidades de maior destaque na atualidade em Pernambuco, Goiana, que conta com uma população que veio de uma cultura canavieira e agora está prestes a experimentar, segundo especialistas, um dos maiores crescimentos econômicos de sua história. Confira o perfil desta cidade!
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IDENTIDADE HISTÓRICA
IDENTIDADE HISTÓRICA
Palco de confrontos históricos como a Batalha das heroínas de Tejucupapo (1646); Revolução Pernambucana (1817), Confederação do Equador (1824) e a Revolução Goianense (1825), o município de Goiana surgiu de uma simples freguesia em 1568, fruto de um acordo político entre Diogo Dias e Jerônimo de Albuquerque, primeiros administradores da região.
A “Guyanna” nasceu de origem tupi-guarani, pois os antigos acreditavam que era uma “terra de muitas águas”. Mas, aos poucos a Guyanna se tornou em aldeia, a Gueena, que por sua vez se tornaria, em 1606, em uma Goyana de gente estimada segundo o historiador, filho de holandês, Francisco Adolfo de Varnhagen.
Neste mesmo período, Goiana ganhou status de segunda capital ou capitania mais importante de Pernambuco, depois de Recife. O fato se deu à extensão dos engenhos que foram construídos e a exportação de cana-de-açúcar, farinha de mandioca e pau-brasil, principais matérias primas que abasteciam a cidade.
O escoamento deste material era feito através de balsas que navegavam sobre o porto fluvial goianense. Mas, que devido à inauguração de estradas, foi perdendo cada vez mais espaço para as carroças, o que junto a fatores negativos como o fechamento de uma das principais fábricas têxteis do Brasil, fez com que no início do século XX, o município perdesse a segunda posição de importância estadual.
Como confirma o historiador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Bruno Veras. “A produção das riquezas nos engenhos, geravam também muita pobreza nas áreas mais rurais: quebra de fábrica, desuso dos portos fluviais e fechamento da vila operária, fez com a ex-capitania de Itamaracá perdesse seu posto de segunda capital mais importante de Pernambuco”.
Bruno ainda se diz esperançoso com todas as perspectivas que estão sendo montadas sobre a cidade com a vinda de importantes fábricas, e vislumbra um futuro melhor para o local. Clima que fez o professor estipular uma previsão para que a população comece a sentir os ventos da mudança sobre a região. “Acredito que só a partir de 7 a 12 anos que as pessoas vão começar a desfrutar deste momento, quando de fato, os tributos e impostos forem inseridos no município”, esclarece Veras.
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BATALHA DAS HEROÍNAS
BATALHA DAS HEROÍNAS
Após a perca, quase que total, do domínio sobre o Estado, um grupo de holandeses que se encontrava encurralados em algumas regiões e precisava de mantimento para se suster, chegaram a então Goyana sob o Comando do flamengo Lichthan que teve a ideia de sair do forte Orange, em Itamaracá, com 600 homens e ocupar o espaço da Vila de Tejucupapo em um dia estratégico – o Domingo.
Já que perceberam que os homens da vila iam todos os domingos ao Recife para vender pescados e comprar mantimentos para suas famílias.
Mas, os estrangeiros não contavam com as emboscadas feitas para eles, que tinham a participação de todas as mulheres do local; que com paus, tachos e panelas com água escaldantes cegaram os incômodos visitantes e expulsaram de vez, com ajuda de alguns homens da região, os intrusos vindos da Holanda em 1646.
A cidade se tornou a segunda mais importante do Estado na virada do século XIX para o XX.
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DADOS DEMOGRÁFICOS
DADOS DEMOGRÁFICOS
O Município de Goiana faz limite com: Itamaracá, Itapissuma e Igarassu. A cidade se destaca pelos manguezais, áreas alagadiças, pequenas montanhas e dunas feitas de arenito que se “esbarram” em um litoral com pouco mais de 18 mil metros de praia e que segundo rumores, irá fazer parte da Região Metropolitana do Recife - RMR, dentro de pouco tempo.
A população, segundo o último censo do IBGE, ultrapassa os 76 mil habitantes e a expectativa de vida no lugar se aproxima da média nacional: 74 anos. As terras nativas se distribuem em uma área com mais de 500 km².
Uma das preocupações com a chegada de indústrias do vidro, automobilismo e hemoderivados para Goiana, é o impacto ambiental ou as consequências que estas instalações poderiam trazer para a cidade, mas o engenheiro ambiental Elias Rodrigo afirma que pouca coisa mudará no ecossistema da cidade, após a implantação das fábricas. “Não é necessário destruir recursos hídricos ou minerais para a construção das fábricas, o que se desmatou foi cana-de-açúcar aproveitada nas usinas,” esclarece Rodrigo.
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PAPO ECONÔMICO
PAPO ECONÔMICO
Goiana se tornou o centro das atenções em Pernambuco, depois do anúncio da construção de três fábricas que poderão mudar o rumo do município com pouco mais de 76 mil habitantes. Mas, será que as expectativas acerca da região serão confirmadas com o aparente crescimento?
Em dezembro de 2012 foi lançada a pedra fundamental pelo governador Eduardo Campos, dando alvará para construção de três fábricas, que juntas pretendem mudar o cenário econômico da região. São elas: uma montadora de veículos (Fiat), a fábrica de vidros (Vivix) e uma de biotecnologia (Hemobrás).
Com esses investimentos direcionados no município, o panorama do mercado imobiliário também mudou, dando valorização de mais de 100%.
Segundo o corretor George Rabelo, várias construtoras estão projetando residências neste pólo estratégico, com isso os valores se tornam altíssimos, sendo prejudicial para a população de baixa renda. “Goiana precisa urgentemente que o Governo Federal envie subsídios como "Minha casa minha vidam" para que estimular a compra de imóveis para pessoas de baixa renda.” enfatizou Rabelo.
Pessoas como Keriane Alves, tem sentido o impacto desta mudança na hora de procurar um imóvel para morar. “Existem imóveis específicos para trabalhadores das firmas, o que dificulta a escolha e faz com que as casas que sobram fiquem bem valorizadas,” explica a garçonete.
Além disso, aumentaram as perspectivas de novos empregos para boa parte da população goianense. Pelo menos é o que esperam as pessoas que vivem em uma dos pólos que mais crescem no estado.
A terra que durante séculos acompanhou as carroças, carros e caminhões cheios de cana-de-açúcar para moagem, vê agora os engenhos fecharem e as usinas pararem de produzir o “melaço” para dar lugar a engenharia automobilística, genética e vitral dos grandes fabricantes.
O chefe de Serviços Gerais, Dário de Souza, trabalha há quatro anos no espaço onde está sendo construída a fábrica da Hemobrás.
Quem viveu de perto esta mudança que começou a ocorrer de cinco anos pra cá, foi o chefe de serviços gerais, Dário de Souza que começou como servente de pedreiro, vê sua vida desde 2010 se transformar, com a implantação e os avanços da Hemobrás em Goiana. “Trabalhei oito anos em uma usina e agora vejo esse avanço, o povo goianense só tem a agradecer com a vinda da Hemobrás para cá”, disse.
Os poucos resquícios da economia canavieira na região podem ser notados na atividade da Usina Santa Tereza e na caracterização teatral dos funcionários do Engenho Uruaé, que recebem os visitantes a caráter bem típico, há mais de dois séculos.
Enquanto isso, no centro urbano, comerciantes do Mercado Público se queixam e demonstram a insatisfação com o movimento, como explica o comerciante Luiz Jairo que trabalha há 30 anos no mercado central. “O movimento caiu muito, há alguns anos não sobrava nada para vender no final do dia, hoje sobra muita mercadoria”, revela.
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EDUCAR É PRECISO
EDUCAR É PRECISO
Para acompanhar esse crescimento de perto se vê alguns investimentos nas áreas de educação, principalmente na formação técnica, quem aproveitou essa oportunidade foi Luiz Aluísio, que já cursou mecânica na Escola Técnica de Pernambuco (ETP), e vislumbra o futuro com a expansão do município que tem cada vez mais atraído pessoas para uma especialização. “O mercado me impulsionou a me aprimorar no ensino técnico e me faz pensar até em engenharia”, sorriu o mecânico.
Assim como Luiz, muitas outras pessoas estão querendo aproveitar a oportunidade de crescerem profissionalmente. Muitos delas estão vindo da Paraíba, estado vizinho. Como é o caso do estudante Tarsis Bezerra que, como tantos paraibanos, vêm se aperfeiçoar no estudo em Goiana. “Trabalho como mecânico e vim com o objetivo de procurar qualificar meu trabalho e quem sabe, almejar uma vaga nas grandes fábricas da região”, declara o estudante de logística.
A Educação técnica também tem crescido no local com o pagamento de R$ 160 para estimular o estudo; comenta o gestor administrativo do ETP, Walter Fernando, que nota o aumento da procura dos cursos técnicos entre os mais jovens.
“A faixa etária diminuiu, antes nos procuravam pessoas entre 25 e 35 anos, atualmente são jovens entre 19 e 24 anos”. O gestor ainda incentiva aos estudantes a acreditarem no potencial goianense. “Hoje, já são 45% dos alunos oriundos de Goiana, o importante é acreditar,” motiva Walter.
Mas ainda se tem muitos desafios a enfrentar, como revela a aluna do ETP e do Senai, Erinalda Nascimento, que sonha com um futuro em uma grande empresa. “Vim da Paraíba e sonho em poder trabalhar aqui mesmo, em uma dessas grandes empresas”, disse.
A estudante Erinalda Nascimento,19, saiu da zona rural da Paraíba para tentar uma vida melhor com o ensino técnico na cidade.
A Estudante complementa que em sua terra não havia oportunidades a não ser em atividades agrícolas, fato que fez com que a garota de pouco mais de 20 anos, tentasse a vida em Goiana. “Estou fazendo este curso para ter uma oportunidade. Não queria ficar trabalhando em lavouras, por isso estou correndo atrás de uma nova expectativa”, completou.
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NOS BASTIDORES
NOS BASTIDORES
Fatos como a vinda das indústrias: automobilística, farmacoquímica e a de vidros fazem com que a região possa experimentar uma das maiores transformações a nível nacional para os próximos cinco anos, segundo especialistas. Mas, como absorver todo este “avanço” sem uma infraestrutura urbana adequada?
Dados mostram que Goiana ainda tem passado por sérios problemas urbanos, a começar pelo comércio da bicentenária feira, com pouco mais de 800 bancas que encontra barreiras no planejamento urbano, coleta de lixo e a organização do trânsito, como atesta o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas - CDL municipal, Ruy Lourenço. “A iluminação pública é precária, não tem área de zona azul e existe dificuldade na mobilidade dos veículos em sete ruas principais”, revela.
O representante apesar de acreditar que aos poucos a cidade tem se preparado para o futuro e trazendo uma estabilidade no faturamento, no entanto, a centralização e a mobilidade tem sido um dos principais obstáculos ao desenvolvimento do comércio. “Não existem vagas para o nosso cliente com um poder de consumo um pouco maior, estacionar seu veículo. E, além disso, o amontoado de barracas nas calçadas tem atrapalhado a mobilidade.
Falta estrutura e demarcação para vagas especiais para deficientes físicos. Estas são algumas das deficiências que a aposentada Luzinete Martins, de 66 anos, enfrenta ao se locomover pela cidade. “Não se tem faixa para demarcar os cadeirantes ou deficientes, nunca vi ninguém fazer nada em relação a isso, afirma Luzinete”.
A aposentada Luzinete Martins,66, sofre com a falta de estrutura para mobilidade dos deficientes no centro da cidade.
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OLHO NO FUTURO
OLHO NO FUTURO
Enquanto o povo enfrenta várias situações difíceis no município, o Diretor e presidente da Hemobrás, Rômulo Maciel Filho, prevê, até 2017, a construção de um complexo industrial de hemoderivados e biotecnologia nos arredores rurais da cidade.
Orçado em quase R$ 700 milhões de reais, o complexo receberá o plasma, material envolto na hemoglobina- o sangue- para curar pacientes de várias chagas como AIDS, hemofilia e cânceres diversos. Fruto de uma parceria com um Laboratório Estatal Francês (LBF), que cederá a técnica industrial, a cidade e, consequentemente o Brasil, terá a maior fabricação de hemoderivados da América Latina. “Essa construção não só vai acelerar o crescimento da economia, mas também, trazer empregos para a população local”, afirma Maciel.
O Diretor ainda relata que um dos motivos que levaram a escolha do lugar para construção da fábrica foi à localização estratégica entre Pernambuco e Paraíba. Maciel ainda complementa que a maioria dos trabalhadores nos canteiros de obras na Hemobrás, é residente de Goiana. “Boa parte dos 600 trabalhadores envolvidos nas obras são oriundos da própria cidade. E, construirão a autonomia em hemoderivados que é nosso principal objetivo”, revela.
A Fábrica de hemoderivados é uma das alavancas para o desenvolvimento de Goiana, pelo menos é o que espera o presidente da Federação de Comércio em Pernambuco (Fecomércio - PE), Josias Albuquerque, que declara também, a importância do momento pelo qual está passando uma das cidades pernambucanas mais antigas. “Goiana tem tudo para viver um momento muito bom. E, completa: É hora da cidade recuperar o posto que tinha nos tempos do império em que era a segunda economia do Estado”, lembra Albuquerque.
A economia local é um dos questionamentos. Tradicionalmente conhecida pela cultura canavieira e comercial, com pouco mais de 800 bancas incluindo o mercado; Goiana conta com personalidades como o senhor Emanoel Costa, de 52 anos, que atua no comercio há mais de 30 anos. Com a expansão econômica, ele vê melhorias para o desenvolvimento da feira. “Com tanta gente na cidade, é claro que eles vão passar por aqui e realizar compras. Até agora está tudo ótimo!”, acrescenta.
O comerciante Emanoel Costa trabalha na feira há mais de 30 anos e vê com bons olhos o movimento das compras.
Já que os números apontam que a cidade com mais de 17 distritos, possui, apesar da chegada de lojas tradicionais como Magazine Luiza, uma necessidade urgente de um plano diretor com uma infraestrutura urbanística bem montada.
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FALA PREFEITO
FALA PREFEITO
O atual prefeito da cidade Fred Gadelha, sabe dos problemas que o município tem enfrentado e afirma que tem procurado melhorar e “tapar” os buracos deixados pela gestão anterior. Uma dívida pública que, segundo ele, provocou até a falta de fardamento para os alunos da rede municipal de ensino neste ano. O gestor municipal conta que foram encontradas dificuldades de organizar o espaço público goianense e de todo projeto urbanístico da cidade que tem limites para construções de imóveis acima de 7 metros, como determina o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN.
O representante político também conta que existem sérias dificuldades para reorganizar o espaço urbano e que trabalha com os resultados da gestão em longo prazo. “Temos além de um problema cultural na cidade, que lidar com desmandos deixados pela administração anterior. Mas, isso não impede de pensar uma Goiana grande, forte e estruturada,” enfatiza Gadelha.
Fred ainda cita que existe uma vocação natural do município para o turismo e que ainda é uma área que pretende crescer muito pelos vetores ou tributos que a cidade tem como a extensão do litoral, turismo do agronegócio e topografia favorável a turismo de aventura.
O prefeito sabe dos desafios municipais e revela sua vontade de sanear, encanar e levantar postes de energia elétrica nas comunidades mais periféricas da região como Portelinha, localizada na nova Goiana.
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PROTEÇÃO
PROTEÇÃO
Apesar da melhoria do combate ostensivo a violência, furtos, prostituição e as drogas, têm ameaçado a segurança pública. Ainda tem muita estrada a percorrer, já que a cobertura da cidade e de outros três distritos como: Itambé, Itaquitinga e Condado estão sob a responsabilidade de uma única companhia de polícia e ainda em estado precário.
O comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar, responsável pela segurança regional, Ricardo Peres, afirma que o ponto crítico da localidade depois da queda considerável no número de assassinatos em dezembro de 2013, é a prostituição que ainda tem acontecido em alguns pontos de transição de caminhoneiros. “Temos um problema sério de migração destes crimes, pois assim como o tráfico de drogas, a prostituição se expande rapidamente”, afirma o militar.
Dados mostram que a segurança pública ainda tem dificuldades de gerenciamento devido a esse boom na cidade pernambucana, mas já se vê melhoras nos números de crimes em relação ao ano passado, com uma diminuição de 32% em relação a crimes violentos e 12% contra crimes patrimoniais. Além de uma guarnição em cada área imediata goianense como em: Itaquitinga, Condado e Itambé.
Números que parecem não serem tão grandes quando se tem em toda região, pouco mais de 630 soldados para cobrir 17 distritos que não possuem menos do que 25.000 habitantes. Mas, são alguns dos desafios que os gestores do destaque de Pernambuco nos últimos anos, têm para fazer com que o município cresça e se torne um pólo para o desenvolvimento socioeconômico.
O policial ainda se entusiasma ao dizer que o “efetivo é o bastante para atender os distritos” e, completa com um dado importante para área: “Nós estamos há 43 dias sem crimes violentos ou letais na região”, confirma o Coronel.
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PORTELINHA
PORTELINHA
Com esses e outros investimentos veio à expectativa de um futuro promissor, apesar da população ainda sofrer com índices de violência, furtos e conglomerado desordenado de pessoas em terras que tem sido cada vez mais privadas.
O quadro mais preocupante dentre os bairros e distritos, se encontra na Portelinha, região mais carente que fica localizada no distrito de Nova Goiana, criado há oito anos, depois da companhia elétrica, ter desistido do terreno, onde o descaso e o abandono se instauram, como confirma uma das moradoras mais antigas da região, a manicure Luziana Firmino: “Dependemos de um poço particular para conseguir água, não temos iluminação pública, nem calçamento e ainda temos que andar quase uma hora para um posto médico, quando tem”.
Ainda na Nova Goiana, encontra-se lixão a céu aberto, fios elétricos expostos, transporte deficiente e vários sinais de uma política de abandono a um território com mais de 2.000 pessoas, como reivindica a moradora Josefa Fonseca que mora há quatro anos na Portelinha: “Somos esquecidos, não tem ninguém que considere a gente, nem energia temos. Se pelo menos um Órgão competente viesse aqui nos socorrer”, desabafou.
Ainda, segundo a moradora e espécie de líder comunitária do bairro, um dos grandes fatores negativos do lugarejo é a segurança pública que carece de um policiamento que ocorre apenas de 15 em 15 dias o que implica em medo e insegurança que se vê ainda sem recebimento de correspondência e atendimento médico.
Os moradores da Portelinha vivem esquecidos na periferia da cidade, sem endereço e nem identidade territorial, já que muitos postos médicos estão fora da área de cobertura do atendimento e sem localização de ruas.
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ARTE E COZINHA DE PRIMEIRA
ARTE E COZINHA DE PRIMEIRA
Mas, não só de falhas vive-se esta cidade que fica a 62 km da capital, existem muitos atributos como os 18 km de litoral com as praias de Atapuz, Catuama, Barra de Catuama, Carne de Vaca e Ponta de Pedras e o artesanato, que ainda figura como um das forças da cultura local, com artistas como o escultor e um dos patrimônios vivos da cultura regional, Zé do Carmo que há mais de 40 anos esculpe em pedras, uma referência e patrimônio vivo, admirado por grandes pensadores como Gilberto Freyre.
“Aprendi com minha mãe a esculpir em pedra e comecei a admirar os pássaros, daí veio à ideia das asas, coisa que teve recusa de primeira, mas que depois foi assimilado como uma obra de arte”, expressou o artista com ar orgulhoso.
A feirinha de artesanato esbanja beleza e arte no barro, na madeira e na pedra, o que demonstra, entre outras expressões culturais, um pouco do lado artístico de um povo que inspira criatividade há mais de quatro séculos. Segundo Margareth Laurindo que trabalha no seguimento artístico há mais de 15 anos afirma que não é fácil trabalhar artisticamente, mas o produto final anima. “Trabalhar com artesanato é uma peleja, mas é gratificante”, confirma a artista.
A artesã fala orgulhosa do trabalho que é feito e de sua origem que começa na cerâmica: “O barro ou cerâmica é um dos pontos fortes do nosso artesanato que pode ser inspirado no homem do campo por exemplo”.
É um longo caminho a seguir para se avançar culturalmente em Goiana, apesar do município se destacar sendo sempre premiado pela criatividade e objetos artesanais na Feneart; Pousadas personalizadas; Amostras culturais e cursos que profissionalizam bartenders ou quem trabalha em hotéis, o setor de turismo ainda não é tão investido como se pensa. Pois, ainda se vê a falta de infraestrutura hoteleira nas principais praias da região.
Ítalo César, Chefe de promoções se preocupa com o potencial teatral da cidade.
O Cine Teatro Polytheama que abriga as exposições confeccionadas por artistas da região, ainda é um dos principais apoios turísticos da cidade. Como confirma o chefe do departamento de promoções, Ítalo César. “Apesar de termos um grande acervo catedrático, o teatro é uma das grandes expressões de arte, por isso é vital o funcionamento dele”.
A Culinária não poderia ficar de fora dos prazeres que são oferecidos por esta terra que conta com figuras marcantes o senhor Luiz de Moraes, popularmente conhecido como “Luiz da Gia”, que a frente do Restaurante Buraco da Gia tem recebido há mais de 50 anos, anônimos e famosos no seu estabelecimento.
Lugar que tem uma origem bem propícia, como relata Seu Luiz: “Quando vi o terreno para construir o restaurante, enxerguei uma gia dentro de um cacimbão, daí batizei com nome de “Buraco da Gia”.
Luiz de Moraes, conhecido por Luiz da Gia tem há mais de 50 anos o restaurante Buraco da Gia, no centro de Goiana.
Conhecido pela irreverência que faz ao servir bebidas em patas de guaiamus, ainda vivos, Seu Luiz demonstra vigor físico e muita poesia em seus versos marcados pelo bom humor. E diz que um dos segredos para o sucesso é não ter medo de arriscar: “Não tenho medo de nada, tem que investir mesmo e se Deus quiser tudo vai dar certo,” fala animado.
A Gastronomia tem alavancado a cidade que como conta Josafá Lima, o proprietário de um dos restaurantes mais populares da região, o Japumim, nome alusivo ao primeiro engenho criado no município pelo navegante Diogo Dias: “O Comércio de dois anos para cá aumentou muito e as compras também, vendemos hoje cerca de 800 pratos por dia,” explica Lima.
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BETIM X GOIANA
BETIM X GOIANA
Muito se tem perguntado, inclusive as pessoas como o paulista Luciano Fernandes, que adquiriu um lote em um dos grandes empreendimentos da cidade, se a região vai se tornar um grande pólo econômico como a cidade de Betim, no interior de Minas Gerais. “Acredito no potencial e na valorização do local,” afirma o empresário.
A pacata Betim, parecida com a Goiana atual, e sem grandes rendimentos para o estado, após as instalações da Refinaria Gabriel Passos e a montadora Fiat na década de 60, transformou-se de um lugar com pouco mais de 26 mil para uma cidade com quase 400 mil pessoas. Em algumas décadas, um dos maiores saltos demográficos da história brasileira.
E tem experimentado até hoje os frutos da industrialização, é quinta cidade mais importante de Minas gerais, e também da favelização, ocupa apenas a 131ª posição no índice de desenvolvimento humano no estado mineiro.
Não se sabe ao certo, o que pode acontecer com a cidade da Mata Norte pernambucana já que, só há cerca de quatro anos, o canteiro de obras começou a ser construído, mas se sabe que crescimento sem planejamento pode acarretar na marginalização como aconteceu na cidade mineira. Espera-se que Goiana mostre capacidade suficiente de arquitetar toda sua infraestrutura urbanística para receber todo o desenvolvimento que o local e o povo merecem.
Não se sabe ao certo, o que pode acontecer com a cidade da Mata Norte pernambucana já que, só há cerca de quatro anos, o canteiro de obras começou a ser construído, mas se sabe que crescimento sem planejamento pode acarretar na marginalização como aconteceu na cidade mineira. Espera-se que Goiana mostre capacidade suficiente de arquitetar toda sua infraestrutura urbanística para receber todo o desenvolvimento que o local e o povo merecem.
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LONGE DE CASA
LONGE DE CASA
As promessas trazidas pelo surgimento de fábricas automobilísticas como a Fiat, atraíram não só brasileiros, mas também estrangeiros que vieram de seus países com esperança de fazer dinheiro no Brasil. Ou pelo menos, aproveitar bem o momento pelo qual a região está passando, como atesta o programador de robótica, o italiano Ítalo Montanaro. “Vim para ficar uns dois meses. Juntar dinheiro e ir embora, da mesma forma que fiz quando passei pelo México.” Há menos de uma semana no Brasil, Ítalo que mora em João Pessoa-PB, junto com outros italianos, afirma que gosta muito do país: “Eu gosto dos brasileiros e das brasileiras também,” sorri o estrangeiro.
Os italianos: Ítalo Montanaro (26), (à direita) junto com Oreste Capocci, 32, (centro) e Mauro Spiriti de 34 anos (à esquerda da foto)
Não só estrangeiros tem se deslocado de suas terras com o intuito de trabalhar em terceirizadas para as grandes fábricas. Mas também brasileiros que devido à escassez de empregos qualificados ou mal-remunerados em suas cidades natais, vem para o município com a intenção de juntar um dinheiro e levar para suas famílias. Como atesta o sertanejo Francisco da Silva que ver seus filhos, no interior da Paraíba, apenas de três em três meses: “Um dos meus filhos já pergunta quando vou embora, vai trazer dinheiro pra nós, né Pai?,” contou o prestador de serviço da Fiat.
O motorista Mário Pereira, 52, trabalha há 2 meses em uma terceirizada da Fiat.
E, Francisco ainda explica que o mais complicado é ficar distante da família: “Muito difícil ficar longe da família, mas não posso trazer eles pra cá”, fala emocionado o operário.
Situação semelhante à de Francisco, é a de Mário Pereira que também trabalha em uma terceirizada, mas que diferente do carpinteiro, está se acostumado com as idas e vinda que a carreira proporciona. “Essa é a vida de peão, gosto de ser peão”, declara o motorista.
O mecânico Paulo Sérgio veio com a família de Viçosa, Alagoas, para trabalhar terceirizado na Fiat.
Tanto Francisco quanto Mário vivem em um alojamento com outros 40 homens que vieram de diferentes partes do nordeste para trabalharem em empresas terceirizadas em Goiana. Não são só eles que vieram de longe para darem suporte à montadora italiana (Fiat), Paulo Sérgio que veio de Viçosa, Alagoas, também trouxe consigo a esperança de melhoras em uma terra distante.
O sertanejo conta que um dos motivos que o fizeram vir para as terras goianenses foi a oferta de emprego: “Não tinha expectativa de emprego na minha terra, por isso trouxe minha família para cá e me instalei mais perto do local onde trabalho”, confirma o operador de máquinas.
O certo é que muitas águas ainda vão passar debaixo do Rio Goiana para o povo sentir o impacto destes avanços no bolso. É possível que se passe uma década para vermos como a administração pública vai tratar a cidade que recebe um voto de confiança do desenvolvimento para crescer e se tornar como outrora, a segunda mais importante do estado pernambucano.
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PARTE1 - Goiana é hoje uma das cidades mais promissoras de Pernambuco
PARTE2 - A expectativa é grande com a chegada de grandes empresas na cidade. Fiat/Hemobras/Vidros.
PARTE3 - Mesmo com todo o investimento, parece que há lugares onde nada mudou
PARTE4 - O comércio de Goiana só tem a comemorar com a nova fase vivida pela cidade
PARTE5 - A segurança no local enfrenta novos desafios neste novo panorama histórico do município.
PARTE6 - Com o boom que a cidade está vivendo, cada pedacinho de terra fica cada vez mais valorizado
Parte 7 - O turismo é mais um dos pontos fortes da cidade. São 18 km de litoral com as praias de Atapuz, Catuama, Barra de Catuama, Carne de Vaca e Ponta de Pedras
Parte 8 - Palco de confrontos históricos, o município de Goiana surgiu de uma simples freguesia em 1568. A cidade se tornou a segunda mais importante do Estado na virada do século XIX para o XX
Mardoqueu Silva
(Coordenação de jornalismo)
Élida Régis / Gedson Pontes
(Produção)
César Melo/ Waldson Balbino
(reportagem)
Jackson Amil /Everton Elvis
(fotografia)
Indira Verçosa
(Revisão)
Oséas Galdino / Wilson Silva
(Apoio Técnico)
Diogo Carvalho
(Designer / Front-end)
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