A fábrica da Fiat, o coração do polo automotivo de Goiana, ficará pronta em agosto. Mas até o lançamento oficial do primeiro carro de Pernambuco, um mistério que será revelado oficialmente no início de 2015, muito vai acontecer. O principal, além da Fiat em si, é a estruturação do parque de fornecedores, símbolo do efeito multiplicador de emprego e renda da indústria automotiva. A Fiat Chrysler anunciou ontem as 16 fábricas que vão se instalar no mesmo terreno da montadora. São empresas sediadas no Japão, Alemanha, França e Itália, além do próprio Brasil. Elas vão gerar 3 mil novos empregos e concentram R$ 2 bilhões em investimentos.
A estrutura própria da Fiat tem 260 mil metros quadrados e está com 70% de execução. O parque de fornecedores, com 20% de execução, mede 270 mil m² e tem 12 prédios, alguns compartilhados por fábricas diferentes.
Cada empresa terá exigências específicas para os interessados em trabalho. Mas para ajudar de imediato quem sonha em trabalhar no polo automotivo, na Fiat ou nas demais empresas, o principal caminho é a Agência de Trabalho/Sistema Nacional de Empregos (Sine-PE). A própria montadora já utiliza o Sine como canal de seleção. Quanto à preparação técnica, a porta de entrada de qualificação é o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
As vagas no polo serão as mais diversas e incluem desde pintura industrial e serviços de metalurgia até postos de trabalho para costura - uma das fornecedoras da Fiat será a americana Lear Corporation, que vai juntar estruturas metálicas e espumas para montar e costurar os bancos dos automóveis.
O exemplo é só um dos mencionados pelo vice-presidente executivo mundial da Fiat Chrysler, Stefan Ketter, membro da instância máxima do grupo multinacional. Ele já esteve à frente da implantação de outras fábricas da corporação no mundo e desde o ano passado lidera do próprio Recife a instalação em Goiana.
Ketter apresentou a composição de todo o parque de fornecedores. A estrutura reúne seis unidades da Magnetti Marelli, empresa do grupo italiano que vai produzir peças, eixos e tanques de combustível, por exemplo, ao lado de várias outras companhias, como Saint-Gobain (preparação e montagem de vidros), Adler (de tapetes e forros de tetos) e Pirelli (de montagem de pneus e rodas), entre outros.
Com base em dados e gráficos, o executivo dá uma ideia da complexidade do projeto. No polo de Goiana, 80% de cada carro virão de fora da Fiat em si, na forma de autopeças, bancos, portas e milhares de outros itens. E um dos grandes trabalhos no projeto foi justamente planejar a forma mais eficiente de fornecimento, trabalhando e refinando a intensa movimentação de pessoas, peças e equipamentos.
Após muito trabalho, a Fiat chegou ao modelo de Goiana: uma linha de produção com fornecimento em tempo real, com 40% das peças vindas das 16 fábricas no mesmo terreno do polo, fisicamente integradas. São os sistemistas. "Por esse leiaute, é uma das fábricas mais modernas do mundo, no grupo Fiat Chrysler", explica Ketter.
A proximidade física aumenta a eficiência, mas exige preparo. Serão 27 milhões de operações logísticas (idas e vindas) entre os fornecedores e a Fiat. Por isso, o prédio da Fiat tem "dedos", como explica Ketter, entradas e saídas para uso dos sistemistas.
"Nós somos muito integrados com os fornecedores. Não só participamos, mas juntamos nossos esforços para fazer e implementar a melhor fábrica, a mais eficiente, de mais alta qualidade, juntos. Cada metro quadrado, dentro de cada galpão, os processos, é estudado em detalhes", afirma Ketter.
Serão 4 milhões de peças por ano produzidas no polo, fora as mais de 360 mil entregas anuais de componentes fabricados em outros locais do País que chegarão em um centro de distribuição dentro do terreno de 14 milhões de metros quadrados. Tudo isso, mais a fabricação própria e a montagem da Fiat, resultará em uma produção de 200 mil veículos por ano inicialmente voltada só para o mercado nacional.
JCOnline