A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) inicia, na próxima semana, as visitas técnicas aos serviços de hemoterapia de todo o Brasil. Ao todo, serão 118 unidades avaliadas pela estatal, nas cinco regiões do País, com o objetivo de identificar a adequação de cada uma delas aos processos relacionados à qualidade do plasma, matéria-prima para a produção dos hemoderivados.
Durante as auditorias, os técnicos da Hemobrás irão acompanhar, seguindo os critérios determinados pela legislação vigente, todas as etapas relacionadas ao ciclo do sangue, focando os pontos críticos dos setores comprometidos com o processo de obtenção e manuseio do plasma. Após as visitas, serão emitidos relatórios para cada um dos serviços, indicado as conformidades e as não conformidades, que, caso existam, deverão ser corrigidas para que a unidade continue como fornecedora do produto.
De acordo com a gerente de Plasma e Hemoderivados da estatal, Marisa Peixoto, é possível observar uma crescente melhoria na qualidade do material recolhido dos hemocentros. “Em um panorama geral, podemos dizer que o trabalho desenvolvido nesses serviços vem se qualificando cada vez mais. Acredito que a partir deste ano, com a obrigatoriedade do Teste de Ácido Nucleico (NAT, na sigla em inglês), o controle ficará ainda mais rigoroso”, explicou, referindo-se à portaria do Ministério da Saúde, de novembro de 2013, que torna necessária a realização do exame a partir de fevereiro deste ano.
Atualmente, o plasma brasileiro é enviado para ser processado em hemoderivados – albumina, imunoglobulina, fator VIII e fator IX - na França, mediante contrato de transferência de tecnologia com o Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB), que prevê o envio de 150 mil litros do material ao ano. Quando a fábrica da Hemobrás, que está sendo erguida no município de Goiana, Zona da Mata Norte de Pernambuco, estiver operando, será possível beneficiar, nesse mesmo período, 500 mil litros de plasma.
Teste NAT – Até 2013, apenas 25% das mais de 3,5 milhões de bolsas de sangue coletadas anualmente no País passavam pelo Teste NAT. A vantagem da tecnologia é poder detectar o vírus mesmo que o doador tenha sido contaminado há poucos dias, evitando a chamada janela imunológica. Essa é uma das causas principais de um resultado falso negativo, por exemplo. No caso da Aids, a janela imunológica atual cairá de 22 para 7 dias. Para as hepatites, esse tempo passará de 70 dias para 11 dias.
Nacionalmente, o teste NAT foi desenvolvido desde 2010, por meio de uma parceira firmada entre a Hemobrás, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos), o Instituto Carlos Chagas, o Instituto de Tecnologia do Paraná e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná. O exame norte-americano custa cerca de R$ 140 por bolsa de sangue. A tecnologia brasileira desenvolvida pela Hemobrás possui um custo 30% inferior ao praticado pela iniciativa privada.
Assessoria