Boom imobiliário na cidade foi motivado pela instalação de grandes indústrias, 18 empresas ao todo.
Uma fábrica da montadora italiana Fiat, a primeira indústria de vidro planos do Nordeste, um polo farmacoquímico. Em dois anos o município de Goiana, Mata Norte do estado, a 65 km do Recife, recebeu 18 novas empresas, segundo dados da Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão (Seplag). São mais de 2,5 mil de empregos gerados só durante as obras. Os investimentos superam a casa dos R$ 2 bilhões. As empresas trouxeram novos moradores para a cidade. Mudaram a rotina dos goianenses. Movimentaram a economia. E levaram os proprietários de terrenos e imóveis a aumentaremos preços em até 400%. No Centro da cidade há casas de 350 metros quadrados à venda por R$ 1 milhão.
O presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), Eduardo Moura, atesta o crescimento de empreendimentos na cidade, mas avalia que não há motivos para a supervalorização dos imóveis. “Se alguém tem uma casa que foi avaliada em R$ 200 mil em 2011 não pode querer comercializar esse imóvel por R$ 500 mil agora. A não ser que tenha feito uma grande melhoria”, ressalta, acrescentando que o município atraiu a atenção do mercado imobiliário, que está lançando empreendimentos residenciais na região.
Moura orienta a quem está procurando um imóvel na cidade a pesquisar o mercado, evitando a aquisição com preços “fora da realidade”. Ele compara o que está acontecendo em Goiana com o que ocorreu em Suape. A diferença, observa, é que em Suape as empresas se concentraram na construção de empreendimentos comerciais, esquecendo de oferecer moradias. “Em Goiana será diferente. As pessoas vão pode trabalhar e morar no mesmo local”.
Oportunidade
Natural de Florianópolis, Santa Catarina, o corretor de imóveis Jurandir Cunha, 59 anos, mudou-se para Pernambuco há três anos. Foi atraído pelo aquecimento do mercado imobiliário. Está morando em Paulista, na Região Metropolitana, mas vai diariamente para Goiana. Trabalha comercializando lotes no Goiana Beach Life, um condomínio fechado lançado pela Imobi Desenvolvimento Urbano.
Atento à supervalorização dos imóveis, Jurandir Cunha comprou, em 84 prestações, um dos 500 lotes do condomínio. Vai investir R$ 89 mil no terreno de 310 metros quadrados. Outros R$ 50 mil devem ser gastos na construção da casa. “Quando a casa estiver pronta vai valer o dobro do que investi”, acredita. Quanto aos preços dos imóveis em Goiana, o corretor dispara: “Tem imóvel avaliado em R$ 100 mil e o proprietário só que vender por R$ 500 mil. Esse aumento de 400% é irreal”, afirma.
Hora de lucrar
Para o comerciante Antônio Dias, 38 anos, morador da rua da Soledade, Centro de Goiana, o momento é de ganhar dinheiro com aluguel. Dias pretende alugar um imóvel residencial por R$ 1,4 mil. Há dois anos, quando pensou pela primeira vez no assunto, a casa foi avaliada por um corretor em R$ 1 mil. “Agora é a hora certa”.
FolhaPE