12 novembro 2013

Música: Juliano Holanda inicia circulação estadual com show em Goiana

Músico se apresentou pela primeira vez em sua terra natal as canções do trabalho solo "A Arte de Ser Invisível"

O ano de 2013 tem sido generoso com o cantor, compositor e instrumentista, Juliano Holanda. Dois discos lançados, shows em grandes festivais pernambucanos (Festival Pernambuco Nação Cultural de Arcoverde; Festival de Inverno de Garanhuns; Mimo, em Olinda) e apresentações e reconhecimento da crítica em São Paulo. Para celebrar a boa fase, Juliano iniciou no último sábado (9), o projeto de circulação do show A Arte de Ser Invisível no Cine Teatro Polytheama, em Goiana, sua terra natal.

Realizada com incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), a turnê estadual ainda terá mais três paradas nas cidades do Recife, Triunfo e numa terceira localidade a ser definida.

O show deste sábado é o primeiro da carreira solo de Juliano em Goiana. A cidade da Mata Norte onde o músico nasceu e passou boa parte da infância é, também, uma grande fonte de inspirações para Juliano. Neste segundo semestre o artista disponibilizou, para audição online, todas as faixas do álbum Pra Saber ser Nuvem de Cimento Quando o Céu for de Concreto. A obra possui, em suas letras, uma série de crônicas e observações a respeito de relações possíveis entre pessoas e espaços que compõem a paisagem da cidade, como suas igrejas.

Juliano vai aproveitar o clima festivo para exibir, em primeira mão, o videoclipe da música Sinos, realizado por Caio Dornelas e Rafael Malta Clasen, aprovado pelo Fest Cine 2013. “A ideia é que a banda execute a música ao vivo, atrás do telão em que o vídeo será exibido”, comenta o músico. A entrada para o show é gratuita.

Este ano, Juliano lançou dois álbuns solo. A arte de ser invisível saiu no primeiro semestre. O mais recente, Pra saber ser nuvem de cimento quando o céu for de concreto, saiu no início do segundo semestre. Abaixo, texto que o músico escreveu sobre sua querida Goiana.

"Nasci em Goiana. Morei lá por um tempo, no sobrado dos meus avós, na Rua Cordeiro de Farias, perto do Recanto Gaúcho. Estudei na Escola Viva. Andei pela Rua Direita e em dias de chuva, ia de guarda-chuva andar ao lado da Matriz, pra ouvir/ sentir os pingos pesados, e fingir que era uma tempestade de meteoros. Quando caía a noite, tinha medo das árvores do Carmo. E do Cruzeiro também. Parecia mal-assombrado, ou algo assim.
O primeiro cinema que entrei foi o Rex, antes e hoje, Polytheama. Não lembro bem o filme, acho que foi "A paixão de Cristo", mas, lembro bem da sensação. Da sala escura, do som, dos riscos na tela. E daí, todos os cinemas que fui desde então, tinham algo de Rex. No Urubatã só fui uma vez. Assisti as "As loucas aventuras de Rabib Jacó". Desse eu lembro.
Fui muitas vezes ao Rex. Assisti muito filmes lá. E vi alguns shows também. Não sei se foram os primeiros shows que vi, mas, lembro de alguns. E lembro de pensar que ali era um lugar sagrado, de alguma maneira. Voltar ao teatro agora, pra tocar e cantar é retornar as coisas que aprendi do mundo. É devolver ao Polytheama aquela sensação e agradecer por tudo.
E se chover no dia, vai ser legal. Vou levar meu guarda-chuva, só pra garantir...".
Circulação – além da turnê incentivada pelo Funcultura, Juliano tem viajado bastante para apresentar não só a sua carreira solo como também outros projetos nos quais está envolvido, como o Wassab e a Orquestra Contemporânea de Olinda, que acaba de voltar de uma turnê bem sucedida na Inglaterra, com shows realizados nas cidades de Londres, Brighton e Liverpool, além do show na Womex, em Cardiff, uma das maiores feiras de música do mundo.

O show apresentado em Goiana já passou por São Paulo. Na capital paulista, Juliano participou do projeto Na Mira da Nova Música Brasileira. Holanda tocou ao lado de nomes como Jam da Silva, Lucas Santtana e Juliana Perdigão. “É um processo criativo muito interessante. Passamos dez dias dentro de um estúdio pesquisando e conhecendo as músicas um do outro para, no final, produzirmos um show em que tocamos músicas de todos os envolvidos”, explica o músico, cada vez mais perito nessa arte de tornar visível as suas obras.
 
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