Polícia: Disputa por terra pode ter motivado crime do promotor

Delegado de Arcoverde, Rômulo César Holanda, não detalhou as investigações

O secretário executivo da Defesa Social (SDS), Alessandro Carvalho, informou, nesta terça-feira (15), que a principal linha de investigação da polícia sobre o assassinato do promotor de Justiça Thiago Faria Soares, de 36 anos, pode ter sido motivado por disputa de terras. De acordo com a polícia, o promotor comprou parte de uma fazenda, junto à família da noiva, em um leilão. O antigo dono do terreno teria ficado insatisfeito e mandado matar o promotor.

Por telefone, o Delegado Rômulo César Holanda, que comanda as investigações do caso, informou que ainda é muito cedo para definir uma linha de investigação. "Ainda é precoce qualquer informação. Nada pode ser descartado porque há mais de uma linha de investigação". Ainda de acordo com ele, foram tomados depoimentos da noiva, e do tio e do pai dela. "Já ouvimos as principais testemunhas e mais outras pessoas que foram citadas durante os depoimentos. Ainda nesta tarde, irei realizar outras ouvidas. Por enquanto, ainda é sigilo. Mas, em breve, quando as informações estiverem concretas, iremos divulgar os detalhes", revela.

A SDS mobilizou, na manhã da última segunda (14) e desta terça (15), as policiais militar e civil do Sertão e Agreste, além dos delegados da Polícia Civil (PC) para Itaíba, delegado Joselito Kelner e a delegada Josineide Confessor, além do helicóptero da SDS, para uma operação conjunta, com o objetivo de prender os assassinos do promotor Thiago Farias.

Thiago foi assassinado na manhã da última segunda (14), na PE-300, no município de Itaíba, no Agreste. O crime aconteceu enquanto Thiago seguia para o trabalho, na companhia da noiva, a advogada Mysheva Freire Ferrão Martins e um parente. A mulher conseguiu pular do carro quando o primeiro tiro foi disparado, sofrendo apenas escoriações. De acordo com a polícia, ela foi atendida na Unidade Mista São Vicente, onde foi medicada e, em seguida, liberada.

Formado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Thiago foi autor de livros jurídicos e professor de cursos preparatórios para concursos no Recife. Ele tomou posse como promotor do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) no dia 17 de dezembro do ano passado. Na ocasião, foi orador do grupo de novos promotores nomeados, tendo expressado que estava realizando “o sonho de ser promotor de Justiça, acalentado desde que havia ingressado na Faculdade de Direito”.

Em algumas reportagens o nome do promotor apareceu como Thiago Faria de Godoy Magalhães. Nesta terça (15), foi esclarecido pelo MPPE que este era o nome usado pelo promotor quando era casado. Depois de separado da primeira mulher, ele voltou a usar o nome de solteiro, Thiago Faria Soares.

Campos promete solucionar assassinato de promotor com celeridade e segurança

No início da noite desta segunda-feira (14), o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, esteve reunido com o procurador-geral de Pernambuco, Aguinaldo Fenelon, para tratar do assassinato do promotor Thiago Faria, executado com mais de 20 tiros em seu próprio veículo, enquanto dirigia na PE-300. Junto com Thiago, estavam a noiva e um parente da família, que não sofreram ferimentos mais graves.

Após a reunião, Campos lamentou a morte do promotor e destacou a importância de um trabalho conjunto entre as polícias Civil e Militar, Secretaria de Defesa Social, Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal.

"Nós queremos manifestar, em nome do executivo, nosso mais profundo pesar a todos que fazem o Ministério Público de Pernambuco pelo desaparecimento, dessa forma trágica, de um jovem promotor que estava no cumprimento do seu dever", disse.

De acordo com o governador, "as instituições estiveram reunidas hoje, desde a manhã, para tentar dar uma resposta a esse bárbaro crime, fazendo a investigação mais célere e segura. E é isso que estamos fazendo, para há pouco darmos um balanço de tudo que já foi possível levantar para o inquérito", declarou o governador do Estado.

Relembre o caso

O promotor de justiça do município de Itaíba, no Agreste, foi assassinado com 20 tiros, na manhã desta segunda-feira (14), na PE-300. Segundo a polícia, Thiago Faria de Godoy Magalhães ia para o trabalho quando teve o carro trancado por outro veículo. Em seguida, um dos elementos efetuou o primeiro disparo.

Os criminosos desceram do carro e efetuaram os outros 19 tiros. A noiva do promotor, uma advogada, conseguiu pular do carro quando o primeiro tiro foi disparado. Ela sofreu apenas escoriações e foi atendida na Unidade Mista São Vicente - que fica no município - onde foi medicada e em seguida liberada. Uma equipe do Instituto de Criminalística (IC) realiza perícia no automóvel. O corpo do promotor será encaminhado para o Instituto de Medicina Legal (IML) em Caruaru, no Agreste.

Thiago era formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ele era autor de livros jurídicos e professor de cursos preparatórios para concursos. Ele tomou posse como promotor em dezembro do ano passado.
Enterro

O corpo do promotor carioca Thiago Faria Soares, de 36 anos, está sendo velado, desde às 11h40, no Centro Cultural Rossini Alves Couto, na avenida Visconde de Suassuna, na área Central do Recife. Após a necrópsia, o corpo foi liberado do Instituto Médico Legal (IML) por volta das 11h. O caixão está lacrado. Promotores, procuradores, ex-alunos e dois tios da vítima estão no velório, que deverá acontecer até às 16h. Em seguida, o corpo será encaminhado ao Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, onde será enterrado.

FolhaPE