04 outubro 2013

Impasse: Greve dos bancários já é considerada a maior em 20 anos, segundo a Contraf

Apesar da disponibilidade dos canais alternativos, como internet banking e caixas de autoatendimento, clientes vêm encontrando problemas para fazer transferências de depósitos elevados e outros serviços

Cancelar contas, fazer transferências de valores elevados, renegociar dívidas. Estes são alguns dos serviços que têm sido mais afetados pela greve nacional dos bancários, deflagrada no dia 19 de setembro. A paralisação - que nesta sexta-feira completou 16 dias - já é considerada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) como a maior dos últimos 20 anos.

Nem todos os correntistas que recorrem à internet, por exemplo, conseguem realizar as chamadas Transferências Eletrônicas Disponíveis (TEDs), que envolvem altos valores. O limite varia de banco para banco, mas, em geral, é possível movimentar quantias entre R$ 2 mil ou R$ 3 mil. Para valores superiores é preciso ter uma autorização prévia da instituição financeira, que deve ser concedida pelo gerente da agência de forma presencial.

Com relação aos pagamentos, é possível quitar contas de até R$ 1 mil sem recorrer às agências bancárias. Para saques, o valor médio é de até R$ 1,5 mil. Quem não é adepto dos canais remotos e prefere fazer depósitos ou pagamentos de forma presencial, através dos caixas eletrônicos, também vai enfrentar problemas. Nesta terça-feira (1º), algumas pessoas se queixaram da falta de cédulas nas máquinas do Itaú. Houve problemas também na quantidade de envelopes disponíveis para depósito em algumas agências da Caixa Econômica Federal. No Bradesco, clientes reclamaram que havia terminais sem imprimir folhas de cheque.

O Itaú, no entanto, informou que “o processamento dos depósitos feitos em caixas eletrônicos e o abastecimento desses equipamentos está normal no Recife”. Já a assessoria de imprensa do Bradesco afirmou que a equipe técnica do banco está analisando as informações e que, se for detectado algum problema, ele será solucionado “em poucos dias”. Já a Caixa disse que a opção de depósito não está funcionando em todas as agências, por conta da paralisação.

No primeiro dia de outubro, 11.016 agências e centros administrativos em todo o país permaneceram fechados. Como início de mês é tradicionalmente um período de grande fluxo de clientes, por conta dos pagamentos de salários e vencimentos de faturas, os prejuízos ao consumidor devem se intensificar nesta semana. A orientação é que os clientes continuem a recorrer aos canais alternativos, como internet banking, centrais de autoatendimento e caixas eletrônicos.

Balanço

A greve dos bancários em Pernambuco manteve-se estável nesta terça-feira, com 90% das 602 agências do estado fechadas e mais de 10 mil funcionários de instituições públicas e privadas de braços cruzados. Na próxima quinta-feira (3), a partir das 18h, a categoria realizará uma assembleia para decidir os novos rumos da paralisação.

“O recado dos trabalhadores é claro. A greve continuará crescendo enquanto não houver aumento real, valorização dos pisos, melhoria da PLR, proteção do emprego, melhores condições de trabalho, mais segurança e igualdade de oportunidades”, destacou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários, no site da entidade.

Conheça as principais reivindicações dos bancários:

- Reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real além da inflação);
- PLR: três salários mais R$ 5.553,15;
- Piso: R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese);
- Auxílios alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 678 ao mês para cada (salário mínimo nacional);
- Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários;
- Emprego: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que precariza as condições de trabalho, além da aplicação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas;
- Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários;
- Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós-graduação;
- Prevenção contra assaltos e sequestros, com o fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários;
- Igualdade de oportunidades para bancários e bancárias, com a contratação de pelo menos 20% de negros e negras.

DiárioPE
 
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