Se não fecharem um acordo até o dia 15 de outubro, operários prometem cruzar os braços por tempo indeterminado, no polo automotivo de Goiana
Um ano depois do início das obras de construção, o polo automotivo ancorado pela Fiat, em Goiana, passa por seu momento mais crítico. Nesta quarta-feira (25), os mais de dois mil trabalhadores paralisaram as atividades. Além da mobilização de advertência, a categoria protocolou no Ministério do Trabalho a pauta de reivindicações e deu início às negociações com o consórcio Construcap/Wallbridge, responsável pelas obras.
Se não fecharem um acordo até o dia 15 de outubro, os operários prometem cruzar os braços por tempo indeterminado, colocando em risco o cronograma da montadora.
“A categoria reivindica um reajuste salarial de 10% retroativo a 1º de agosto, cesta básica no valor de R$ 250, participação nos lucros e resultados, folga de campo de cinco dias para os trabalhadores de outros estados e equiparação salarial entre os funcionários das empresas terceirizadas que atuam no canteiro”, explicou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem no Estado de Pernambuco (Sintepav-PE), Aldo Amaral. A ata com as reivindicações será apresentada hoje durante uma assembleia com os trabalhadores, no canteiro de obras da Fiat, que fica às margens da BR-101 Norte. A promessa é que logo em seguida eles retomem os trabalhos.
“Estamos negociando, também, o pagamento do adicional noturno que a empresa não vem pagando. Isso não está na pauta de exigências dos trabalhadores porque entendemos que é algo já exigido por lei que deve ser cumprido”, acrescentou Aldo Amaral. Um servente de pedreiro que está há pouco mais de seis meses trabalhando nas obras da Fiat confirmou, em reserva à Folha, a disparidade de remuneração entre trabalhadores que desempenham a mesma função. Ele, por exemplo, recebe um salário líquido de R$ 752. “Tem colegas que tiram bem mais, fazendo a mesma coisa”, revelou.
A assessoria de Imprensa da Fiat foi contactada, mas segundo informações repassadas para a reportagem a empresa ainda está avaliando a situação e por enquanto não vai se posicionar sobre o assunto. O complexo da Fiat no Estado está orçado em R$ 7 bilhões, incluindo fábrica, pista de testes, centro de engenharia e empresas sistemistas - entre as quais a fornecedora de motores Fiat Powertrain Technologies (FPT). Se as obras não forem paralisadas, a previsão é de que a operação tenha início no segundo semestre de 2014. A comercialização dos primeiros veículos deve começar em 2015, quando o polo terá mais de seis mil trabalhadores atuando na linha de produção.
FolhaPE