Tiveram início nesta quinta-feira (29/8) as explanações sobre a realidade da fabricação de medicamentos derivados do sangue de cada um dos países participantes do Encontro dos Produtores Públicos de Hemoderivados das Américas, iniciativa da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS).
O evento acontece até amanhã, no Hotel Atlante Plaza, no Recife, reunindo representantes dos ministérios da Saúde e das indústrias deste segmento no Brasil, Argentina, Cuba e Venezuela, além da OPAS/OMS.
Na parte da manhã, coube ao Brasil e à Argentina falarem sobre suas experiências neste setor. O diretor de Produtos Estratégicos e Inovação da Hemobrás, Luiz Amorim, fez um resgate histórico que levou à criação da estatal, na década de 2000. “Continuar importando 100% dos hemoderivados implicaria em permanecermos expostos a riscos como a demanda mundial se tornar maior do que a oferta, além da falta de controle sobre os preços”, analisou. A produção nacional também tinha seus pontos negativos, como o alto investimento, problemas com transferência de tecnologia, disponibilidade do plasma e falta profissionais especializados.
“Por outro lado, os pontos positivos de investir em uma fábrica nacional, como a incorporação tecnológica, a melhoria no sistema do sangue, o rápido pay-back (retorno financeiro), a diminuição do desperdício do plasma e o custo final baixo dos medicamentos, sobressaíram-se, superando as dificuldades”, completou Amorim, salientando que o Brasil naquela época também já possuía todos os pré-requisitos para uma fábrica de hemoderivados viável: plasma excedente, mercado consumidor estabelecido e sistema regulatório eficiente. As obras tiveram início em 2010, no município de Goiana, a 63 quilômetros do Recife, e deverão ser concluídas em 2014, com previsão de início de produção em 2015.
Mas desde já a Hemobrás produz e fabrica cola de fibrina, selante bioógico utilizado em grandes cirurgias e em pacientes com dificuldade de coagulação, e também fornece ao Sistema Único de Saúde (SUS) o fator VIII recombinante, medicamento de terceira geração obtido por meio de engenharia genética e considerado o que há de mais moderno no mundo para o tratamento para hemofilia A. Este produto foi adicionado ao portfólio da Hemobrás graças a uma transferência de tecnologia firmada com a Baxter International – até então eram albumina, imunoglobulina, fatores VIII e IX, fator de Von Willebrand e complexo protrombínico.
Após a explanação brasileira, foi a vez da diretora do Laboratório de Hemoderivados de Córdoba, Catalina Massa, falar sobre a experiência da Argentina. “Começamos fracionando 45 mil litros de plasma por ano e fabricando dois hemoderivados. Hoje somos líder no mercado; fracionamos 120 mil litros de plasma por ano e produzimos oito hemoderivados e temos outros sete em desenvolvimento”, afirmou. Na Argentina, assim como no Brasil, é proibida a comercialização do sangue. “Porém, é liberada a venda de uma porcentagem dos hemoderivados, com a verba revertida para investimentos em desenvolvimentos de nossa indústria, o que permite a nossa planta crescer”, finalizou Catalina.
A programação do evento à tarde será aberta com a conferência “Estratégias para o Fortalecimento do Complexo Industrial da Saúde no Brasil”, feita pelo secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde do Brasil, Carlos Gadelha. Em seguida, acontecerão as apresentações da Venezuela e de Cuba.
Assessoria