Pernambuco terá uma unidade de engenharia de software
ALEMANHA - O Brasil vai ganhar, até 2015, uma rede composta por centros de inovação (voltados para a pesquisa e desenvolvimento) e por centros tecnológicos (para testes e certificações de produtos) para atender às necessidades da indústria. O anúncio da criação desses centros – alguns já em processo de instalação – foi feito nesta segunda-feira na Alemanha pelo presidente do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi. Os centros estão sendo moldados a partir da experiência alemã do Instituto Fraunhofer, instituição que realiza pesquisa e análises para indústrias alemãs de todos os portes – de gigantes como a Siemens ou a Bosch a pequenas e médias empresas.
A rede terá 24 Centros Senai de Inovação (CSIs), instalados em 14 Estados. Em Pernambuco, por exemplo, vai funcionar um CSI na área de engenharia de software. A previsão do presidente da Federação da Indústria de Pernambuco, Jorge Côrte Real, é que ele esteja operando em 2015. A área já está definida (em Santo Amaro, próximo ao local onde hoje funciona a vice-governadoria do Estado) e o projeto, praticamente pronto. E terá a participação do Cesar, da universidade e do Porto Digital.
Além dos centros de inovação, serão instalados Centros Senai de Tecnologia (CSTs). O foco nesse caso é a realização de testes laboratoriais, consultorias técnicas e desenvolvimento de produtos e processos industriais. "Vocês não têm ideia de quantas empresas brasileiras enviam seus produtos para fora do país para fazer um análise simples de seus produtos. Há um déficit na balança de pagamentos de R$ 18 bilhões ao ano só nesse setor, são recursos que enviamos para fora do país para fazer testes que deveriam ser feitos no Brasil", detalha o gerente executivo de Inovação e Tecnologia do Senai, Jefferson Gomes.
Pernambuco terá três desses CSTs. Um na área de alimentos, que vai funcionar em Petrolina, outro para a cadeia automotiva, que deverá ser instalado em Goiana, e ainda um voltado ao setor metalmecânico, que pode ficar localizado no Recife ou no eixo de Suape, segundo Jorge Côrte Real.
PARANÁ SERÁ PIONEIRO
Dentro desse processo, o Estado mais adiantado é do Paraná. O seu CSI na área de eletroquímica deve sair do papel ainda este ano. E outros sete Estados terão CSIs funcionando em 2014: Rio Grande do Sul (polímeros), Santa Catarina (sistemas embarcados), São Paulo (micromanufatura), Rio de Janeiro (sistemas virtuais), Minas Gerais (tecnologia de superfícies) e Rio Grande do Norte (energias renováveis).
“O Senai já é o maior prestador de serviços da indústria. Agora precisamos fazer o setor avançar em pesquisa e desenvolvimento”, comentou Rafael Lucchesi. Para formar pessoal especializado para trabalhar nesses centros, a entidade pretende capacitar mais de mil profissionais utilizando bolsas do programa Ciências sem Fronteiras (que envia estudantes brasileiros para complementar a formação em outros países). Já há gente sendo treinada no Instituto Fraunhofer, outros no MIT (Massachusetts Institute of Technology), nos EUA, além de instituições da China, Itália e Israel. "Vamos precisar de pessoas que ainda não existem no Brasil. Nossa agenda é a competitividade", comenta Lucchesi.
A instalação dos CSIs vai consumir investimentos superiores a R$ 2,5 bilhões. Pelo menos R$ 1,5 bilhão deve vir de uma linha de financiamento do BNDES criada especificamente para este fim. O objetivo é atrair desde grandes indústrias - em projetos específicos - até startups e pequenos negócios, que poderiam desenvolver ou testar seus produtos sem necessidade de grandes investimentos em infraestrutura. Na verdade, o modelo de funcionamento dos centros vai depender da atração dessas empresas, pois delas eles dependerão para se financiarem. Cada projeto deverá ter a coparticipação do interessado.
ONDE NASCEU O MP3
O modelo de financiamento de projetos é baseado no de uma instituição alemã que data do pós-guerra e cujos projetos são patrocinados pelo governo, entidade representante da indústria e pela empresa interessada (na base de 1/3 para cada um). O Instituto Fraunhofer, criado em 1948, tem hoje 66 centros desenvolvendo pesquisa de ponta em várias áreas. É conhecido internacionalmente por ter criado o MP3, padrão de arquivos de áudio digitais utilizado em todo o mundo.
Seis profissionais do Fraunhofer estão participando de toda a montagem da rede brasileira. Dois são brasileiros que estudam na Alemanha. Os demais são alemães. "Nossa missão é transformar conhecimento em produtos", sintetiza o vice-presidente do Fraunhofer, Alexander Kurz, que participou da coletiva, concedida em um dos centros da instituição em Berlim.
Um exemplo do tipo de pesquisa desenvolvida pelo Fraunhofer vem do brasileiro David Domingos, ele mesmo um dos integrantes da equipe que está colaborando na instalação da rede de centros brasileira. Nascido em Minas, ele fez seu curso superior na Universidade Federal de Santa Catarina e hoje cursa doutorado na Universidade Técnica de Berlim. Sua pesquisa prática é realizada em um dos centros do instituto, o IPK, em um laboratório de ultra precisão.
PARANÁ SERÁ PIONEIRO
Dentro desse processo, o Estado mais adiantado é do Paraná. O seu CSI na área de eletroquímica deve sair do papel ainda este ano. E outros sete Estados terão CSIs funcionando em 2014: Rio Grande do Sul (polímeros), Santa Catarina (sistemas embarcados), São Paulo (micromanufatura), Rio de Janeiro (sistemas virtuais), Minas Gerais (tecnologia de superfícies) e Rio Grande do Norte (energias renováveis).
“O Senai já é o maior prestador de serviços da indústria. Agora precisamos fazer o setor avançar em pesquisa e desenvolvimento”, comentou Rafael Lucchesi. Para formar pessoal especializado para trabalhar nesses centros, a entidade pretende capacitar mais de mil profissionais utilizando bolsas do programa Ciências sem Fronteiras (que envia estudantes brasileiros para complementar a formação em outros países). Já há gente sendo treinada no Instituto Fraunhofer, outros no MIT (Massachusetts Institute of Technology), nos EUA, além de instituições da China, Itália e Israel. "Vamos precisar de pessoas que ainda não existem no Brasil. Nossa agenda é a competitividade", comenta Lucchesi.
A instalação dos CSIs vai consumir investimentos superiores a R$ 2,5 bilhões. Pelo menos R$ 1,5 bilhão deve vir de uma linha de financiamento do BNDES criada especificamente para este fim. O objetivo é atrair desde grandes indústrias - em projetos específicos - até startups e pequenos negócios, que poderiam desenvolver ou testar seus produtos sem necessidade de grandes investimentos em infraestrutura. Na verdade, o modelo de funcionamento dos centros vai depender da atração dessas empresas, pois delas eles dependerão para se financiarem. Cada projeto deverá ter a coparticipação do interessado.
ONDE NASCEU O MP3
O modelo de financiamento de projetos é baseado no de uma instituição alemã que data do pós-guerra e cujos projetos são patrocinados pelo governo, entidade representante da indústria e pela empresa interessada (na base de 1/3 para cada um). O Instituto Fraunhofer, criado em 1948, tem hoje 66 centros desenvolvendo pesquisa de ponta em várias áreas. É conhecido internacionalmente por ter criado o MP3, padrão de arquivos de áudio digitais utilizado em todo o mundo.
Seis profissionais do Fraunhofer estão participando de toda a montagem da rede brasileira. Dois são brasileiros que estudam na Alemanha. Os demais são alemães. "Nossa missão é transformar conhecimento em produtos", sintetiza o vice-presidente do Fraunhofer, Alexander Kurz, que participou da coletiva, concedida em um dos centros da instituição em Berlim.
Um exemplo do tipo de pesquisa desenvolvida pelo Fraunhofer vem do brasileiro David Domingos, ele mesmo um dos integrantes da equipe que está colaborando na instalação da rede de centros brasileira. Nascido em Minas, ele fez seu curso superior na Universidade Federal de Santa Catarina e hoje cursa doutorado na Universidade Técnica de Berlim. Sua pesquisa prática é realizada em um dos centros do instituto, o IPK, em um laboratório de ultra precisão.
Domingos pesquisa para a gigante Airbus. O objetivo é otimizar a fabricação de componentes de turbinas de aviação (a pesquisa também pode ser aplicada em turbinas a gás, para geração de energia). "O objetivo é conseguir produzir componentes em menos tempo, com mais tecnologia e - principalmente - com muita qualidade", resume. Um sonho para qualquer indústria, de qualquer porte.
JC Online