Elaboração de um Plano Diretor, criação do Conselho e do Fundo Municipal de Cultura, ampliação da cobertura das equipes de Saúde da Família e implantação da política de educação infantil. Estas são algumas das medidas que devem ser adotadas pelo município de Goiana, Zona da Mata Norte, para que o desenvolvimento chegue até a população em geral. As ações foram apontadas pela Análise participativa da realidade socioambiental de município, estudo realizado pelo Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco) a pedido da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia, a Hemobrás.
É este o desenvolvimento esperado pelos moradores da comunidade Portelinha, por exemplo. Mais de 500 famílias residem no local. Porém, a região carece de itens básicos como, por exemplo, saneamento básico, energia elétrica e apoio dos Programas de Saúde da Família.
“A noite a rua é muito escura porque não temos iluminação pública. Em casa só temos gambiarra para os eletrodomésticos”, conta Severina Maria Cardoso, 55 anos, que há dois mora na comunidade com os filhos.
Há um mês, a comunidade entregou um abaixo-assinado ao prefeito e órgãos responsáveis solicitando a instalação de iluminação pública na região. O serviço ainda não foi feito. “O transporte escolar não chega aqui. As crianças precisam andar mais de meia hora para chegar até um ponto de ônibus”, afirmou Ozeias Figueiredo, 27 anos, morador de Nova Goiana, comunidade vizinha.
Figueiredo integra um mutirão de moradores que faz trabalhos voluntários na região. “Como os moradores não possuem comprovante de residência, os PSF's (Programas de Saúde da Família) não atendem a eles”.
A cultura é o que sustenta a região e está ajudando a comunidade. “A cultura popular é muito forte aqui. E o poder público está percebendo isso mas falta valorização”, afirma Sergio Ricardo Clementino, 32 anos, conhecido como Serginho da Burra. Ele participou das reuniões realizadas pelo Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães.
É da música que vive Elaine Medeiros da Silva, 36 anos. Ela mora na comunidade Portelinha com Natalia Maria da Silva, de 21 anos. Desempregada, a de apresentações que ela se sustenta. Com as chuvas recentes, a situação piorou. “Minha casa está inclinada. Se continuar chovendo ela vai cair. Faz tempo que eu estou desempregada. Eu já me inscrevi em dois programas federais para realizar benefícios na casa, mas não tive retorno”, conta Elaine.
A pesquisa ouviu representantes dos 13 núcleos territoriais sobre temas como infraestrutura, meio ambiente, cultura, turismo, assistência social, saúde e educação, em oficinas que contaram com a participação de mais de mil pessoas da comunidade, do artesanato, pesca, agricultura, jovens, profissionais de saúde e moradores.
Comunidade da Portelinha reclama do esquecimento por parte do poder público
Imagens: Blenda Solto Maior
DiárioPE