Chaves: Quico se despede do personagem no Recife neste domingo

Ator Carlos Villagrán vem ao Recife para se despedir, depois de 40 anos, de Quico, personagem com o qual fez gerações caírem na gargalhada no seriado Chaves

As bochechas ainda são as mesmas. A alegria e o jeito extrovertido, também. Mas há uma grande diferença entre o Quico que aparece em Chaves e o que continuou se vestindo do personagem para fazer shows: o tempo.

Quarenta e um anos se passaram desde a estreia do seriado, no México. E interpretar uma criança de nove anos se tornou muito difícil para Carlos Villagrán, aos 69 anos. Em respeito ao filho de Dona Florinda, o ator mexicano decidiu “aposentar” o personagem. Antes, faz turnê de despedida pelo Brasil. E o Recife é a penúltima cidade a receber o show - a apresentação será no domingo, no Clube Português.

A escolha pelo Brasil não foi “sem querer querendo”. O país não foi um dos primeiros a conhecer o programa, mas certamente foi quem mais o abraçou. O primeiro episódio só passou por aqui em 1984, quando o seriado já estava perto do fim. Mas, desde então, passados 29 anos, Chaves ainda rende boas risadas. O motivo? Mesmo após quatro décadas, Chaves continua sendo o “diferente”. As piadas não têm conotação sexual ou palavras de baixo calão. Ao invés disso, aposta em um humor inocente. Algo raro hoje em dia.

Não por acaso, Carlos Villagrán revelou, em entrevista a um programa de TV, que gostaria de ser brasileiro e que, quando morrer, suas cinzas virão para o Brasil. Mais do que uma homenagem. Um gesto de gratidão. Afinal, segundo o próprio ator, a maioria de seus fãs está aqui, não no México. É mais ou menos assim: lá, Villagrán é respeitado por ser um grande ator, um dos maiores da história do país. No Brasil, ele é idolatrado por pessoas que cresceram assistindo ao programa e rindo com Quico e de Quico.

Serviço

O maior show infantil do planeta

Quando: Domingo, 15h

Onde: Clube Português 

(Praça do Entroncamento, s/n)

Ingressos: R$ 60 (inteira); 

R$ 30 (meia entrada)

SAIBA MAIS

Amor além da vila

Carlos Villagrán teve, sim, um romance com Florinda Meza, atriz que interpretava Dona Florinda, a mãe de Quico, e Pópis (vai me dizer que você nunca tinha percebido?). Os dois iniciaram um namoro pouco tempo depois de se conhecerem. Chegaram até a noivar, mas se separaram e, em 1978, a atriz assumiu que estava com Roberto Gómez Bolaños. Se esse foi um dos motivos para a briga entre Villagrán e Bolaños, como muita gente desconfia, não dá para dizer.

A briga com Chaves
Entre uma brincadeira e outra, um assunto incomoda Villagrán – mais até do que os beliscões que Quico recebia de Seu Madruga: a briga com Roberto Gómez Bolaños, o criador do seriado e intérprete de Chaves. Villagrán deixou o programa no fim de 1978 para tentar carreira solo. A partir de então, começou uma batalha judicial sobre os direitos autorais de Quico. Bolaños levou a melhor e conseguiu a autoria do personagem. Villagrán não concordou. Alegava que o texto era de Bolaños, mas era ele quem dava vida a Quico. Não teve jeito. Sem poder interpretar o personagem no México. Villagrán, então, registrou o nome Kiko e passou a fazer shows usando esse nome.

Gentalha, gentalha...
Se no seriado, Quico e Seu Madruga eram “desafetos”, na vida real eram grandes amigos. Inclusive, Ramón Valdez (Seu Madruga) chegou a sair de Chaves para trabalhar com Villagrán.

Diário de Pernambuco