Para aumentar a produção de hemoderivados no Brasil, a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) reforçou a equipe de profissionais em treinamento na França.
De abril a junho deste ano, mais três empregados da estatal, vinculada ao Ministério da Saúde, serão capacitados na área de análises de controle de qualidade, sob aspectos gerenciais e técnicos. Treinamento será realizado dentro do acordo de transferência de tecnologia com o Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB).
Segundo a Hemobrás, desde outubro de 2012 outros seis profissionais já estão neste processo, embora com duração de um ano e voltado para validação e gestão de projetos. A parceria entre a Hemobrás e o LFB estende-se até 2014 quando 40 treinamentos terão sido realizados na França.
Romulo Maciel Filho, presidente da Hemobrás, disse que estes estágios são imprescindíveis para a formação de mão de obra especializada para garantir a produção, na fábrica de Goiana, dos seis derivados do sangue de maior consumo no mundo, albumina, imunoglobulina, fatores de coagulação VIII e XI, fator de von Willebrand e complexo protrombínico.
Estes produtos são essenciais para milhões de brasileiros que sofrem com doenças como Aids ou algum tipo de hemofilia, câncer e imunodeficiência primária, além de grandes queimaduras e em tratamento de terapia intensiva. Atualmente, estes medicamentos são 100% importados pelas redes públicas e privadas de saúde, a um custo de aproximadamente R$ 1 bilhão por ano.
Em 2013, segundo a Hemobrás, uma farmacêutica e uma biomédica ficarão nas unidades do LBF em Les Ulis e Lille, de 22 de abril a 28 de junho, para treinamento gerencial, enquanto outro biomédico segue para Lille, em 4 de junho, onde permanece até o dia 28 do mesmo mês, para treinamento técnico.
Nestes períodos, os profissionais aprenderão na prática atividades específicas de gerenciamento de laboratórios de controle de qualidade e análises em artigos de acondicionamento, utilidades farmacêuticas (como água e gases) e ambientes (como salas limpas). Isto abrange, por exemplo, as análises de controle de qualidade relacionadas aos rótulos, bulas e embalagens, além de técnicas de amostragem de fluidos, coleta e análise microbiológica em operadores em salas limpas e enumeração de microrganismos na água para uso farmacêutico.
O diretor de Produtos Estratégicos e Inovação, Luiz Amorim, destacou a importância do intercâmbio. “Ao regressarem, os profissionais atuarão como multiplicadores de conhecimento junto aos que trabalharão diretamente na produção de hemoderivados”.
Segundo ele, a realização deste treinamento representa uma oportunidade de aprendizado para a condução das operações laboratoriais da fábrica da Hemobrás. “É um privilégio e uma grande responsabilidade integrar esse processo”, afirmou a farmacêutica Laura Barreto. Para o biomédico Pedro Canuto, que também seguirá para a França, trata-se de assumir o compromisso e a responsabilidade de assimilar ao máximo as técnicas apresentadas para suas posteriores implementações no bloco B06 (laboratórios de qualidade).
A primeira fábrica nacional de hemoderivados da Hemobrás está sendo construída em Pernambuco e terá 48 mil metros quadrados de área construída, divida em 17 blocos. O primeiro deles foi inaugurado em dezembro de 2011 e os demais devem ser concluídos até 2014. Com capacidade para processar 500 mil litros de plasma por ano, o parque fabril de Goiana será o maior da América Latina neste segmento.
Atualmente, apenas 15 países no mundo possuem fábricas de alta complexidade para produção de diversos tipos de hemoderivados. Com a Hemobrás, o governo federal economizará recursos, aumentará a qualidade e ampliará o acesso à saúde dos brasileiros.
Fonte: Diario PE