Construção de ponte na Mata Norte deixa motoristas vulneráveis em engarrafamentos. Assaltos assustam quem usa a BR-101
As obras de construção da nova ponte sobre o Rio Capibaribe Mirim, no trecho que corta a BR-101, em Goiana, na Mata Norte de Pernambuco, deixaram de provocar apenas grandes engarrafamentos. A violência virou a grande vilã da região. Bandidos, com armas em punho, aproveitam os congestionamentos causados pelo sistema “pare e siga” e atacam motoristas. Há cerca de um mês, as Polícias Civil e Militar resolveram reforçar as investigações e buscas para tentar capturar acusados de uma série de crimes. As obras, de responsabilidade do Exército, estão atrasadas e acabam facilitando a ação dos ladrões.
Iniciados em 2006, os serviços deveriam ter sido entregues, conforme a previsão inicial, em 2009. Entretanto, a chuva que atingiu a região, há dois anos, acabou destruindo a ponte em Goiana. Com a construção da nova estrutura e alargamento da antiga, muitas vezes os veículos ficam até uma hora parados. Um verdadeiro convite às quadrilhas. No trecho do “pare e siga”, os veículos esperam dez minutos para que os carros do sentido oposto possam passar.
Moradores da cidade já estão acostumados com histórias de assaltos.“São constantes. Muita gente reclama”, disse Severino Leandro, que mora próximo às margens da rodovia. Outros têm medo de falar, mas contam algumas experiências. “Há uma semana, houve um arrastão. Pelo menos quatro carros foram roubados”, disse o funcionário de uma fábrica da área, que preferiu não ser identificado. Alguns fatores estão facilitando a ação dos bandidos, de acordo com a Polícia Civil.
O crescimento do canavial às margens da BR é um deles. A vegetação acaba sendo usada como esconderijo para os grupos de assaltantes. “Com isso, fica mais fácil a ação dos bandidos”, atesta o delegado de Goiana, Diego Pinheiro. “Estamos reforçando nossas ações, mas pedimos que os motoristas tenham atenção redobrada”, alertou.
A polícia abriu dois inquéritos para investigar casos de assaltos na região. Mas afirmou que o número de investidas pode ser maior do que o registrado até o momento. Algumas vítimas não procuram a delegacia para prestar queixa, o que poderia ajudar a polícia.
O comércio local também sofre. Funcionários de um restaurante na entrada da cidade reclamam da queda no movimento. “Depois que as obras foram intensificadas nesse trecho, ninguém quer parar mais aqui”, disseram.
O comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Vladimir Gomes, responsável pelo policiamento em Goiana, também confirmou a onda de assaltos. Assim como a Polícia Civil, a PM resolveu aumentar o número de buscas em alguns locais apontados como esconderijos para alguns assaltantes.
Jornal do Commercio