A Fiat e o governo buscam se mostrar reconciliados após o desgaste do início da semana envolvendo o Arco Viário, rodovia bilionária que o Estado corre para tirar do papel. Na última segunda-feira o presidente da Fiat no Brasil, Cledorvino Belini, disse esperar a obra pronta até meados do ano que vem. Ontem, a montadora divulgou nota em que por um lado justifica a declaração - ao lembrar que o governo "pactuou" a entrega do Arco em dezembro de 2014 -, mas por outro afirma sua "segurança" nas alternativas do governo em caso de o prazo não ser cumprido. O Estado ainda fez circular que Belini, com três executivos, voltará ao Recife para se reunir amanhã com o governador Eduardo Campos, encontro que ao menos até ontem não constava na agenda oficial dos dois.
O Arco Viário, mais conhecido como Arco Metropolitano, é uma obra importante para todo o Grande Recife, porque vai absorver o intenso tráfego de caminhões que hoje sufoca a BR-101. O projeto foi concebido há três anos pelo governo, que em junho de 2011 permitiu estudos por um consórcio da Odebrecht Transport, Invepar e Queiroz Galvão.
A conclusão das empresas foi pela viabilidade da obra, com 77 quilômetros da BR-101 norte à BR-101 sul por fora do trecho engarrafado da rodovia, por R$ 1,21 bilhão só na construção. Ela seria como concessão, com pedágio em um de três trechos.
A equação financeira do projeto, porém, é complexa. Anteontem, o Estado revelou cogitar fazer do Arco uma concessão sem pedágio, o que jogaria nos cofres públicos uma fatura mensal milionária por 30 anos, para bancar a manutenção em alto padrão da rodovia criada para caminhões.
Para se ter uma ideia de como uma concessão desse tipo é bem mais cara que só a construção, o presídio de Itaquitinga teve a obra orçada em R$ 350 milhões, mas custo efetivo nos 30 anos de contrato de R$ 1,9 bilhão.
Enquanto não fecha a conta, o Estado decidiu correr com o Arco e iniciou seu processo de licenciamento, com uma audiência pública na última terça-feira, em Igarassu, e outra hoje, em Moreno. O Estado promete obras para setembro que vem, um prazo curto se tratando da burocracia envolvida em uma concessão. Além disso, mesmo se o início sair como esperado, a conclusão está longe do que espera a Fiat, um prazo de 36 meses do início das obras, setembro de 2016.
Segunda passada, Belini disse ser "razoável" ter o Arco pronto ano que vem. A estimativa é de que o polo de Goiana movimente todos os dias 40 carretas, 600 caminhões, 85 cegonhas, 800 veículos leves e 180 ônibus, para produzir e distribuir 250 mil veículos por ano a partir de 2015.
Ontem veio a nota da montadora. "A Fiat e o governo do Estado de Pernambuco estabeleceram no ano de 2010 uma forte parceria com o objetivo de implantar o polo automotivo de Goiana, na Zona da Mata Norte, contribuindo de forma decisiva para o processo de reindustrialização do Estado e para o seu desenvolvimento econômico e social. Esta parceria está baseada no diálogo, na franqueza e na mútua confiança. A convergência de objetivos que nos move é motivo de tranquilidade para a Fiat no tocante ao aprimoramento da infraestrutura física em curso na região", diz o primeiro trecho do texto.
"A Fiat observa ainda que trabalha com a certeza de que o Arco Viário - cujo prazo de entrega pactuado é dezembro de 2014 - estará operacional quando a fábrica de Goiana começar a funcionar. Na hipótese de haver qualquer descompasso entre um prazo e outro, temos a segurança de poder contar com as alternativas viárias apresentadas pelo governo", encerra a nota.
JCOnline
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