25 novembro 2012

Política: Quando transição é sinônimo de tensão

Faltando pouco mais de um mês para o início das novas gestões municipais, um assunto ainda é motivo de muita preocupação: a transição de governo. O processo é vivenciado de diferentes maneiras, visto que as prefeituras têm que agilizar as informações necessárias para quem assumirá em 1º de janeiro de 2013. Quando se trata de um candidato eleito, que foi apoiado pela atual gestão, o processo é bem mais simples, e mais ainda, quando a transição é feita dentro de um mesmo governo, como no caso dos reeleitos. Em contrapartida, os oposicionistas que derrotaram atuais prefeitos ou seus apadrinhados políticos se sentem apreensivos quanto ao processo, seja por falta de diálogo, já que o pleito acaba por desgastar as possibilidades de contato, ou mesmo por uma maneira de retaliação. O resultado é o atraso no repasse das informações solicitadas.

No Estado de Pernambuco, muitos municípios passam por esta mistura de tensão e tranquilidade, onde candidatos da oposição venceram os da situação. Em alguns casos, novos prefeitos dizem não estar enfrentando tanta dificuldade, embora o início das buscas destas informações chegou a trazer certo transtorno, como no caso do eleito em Aliança, Cláudio Fernando Bezerra, o Kaká (PSB). “A transição foi um pouco complicada no início, mas agora já fizemos um contato com o prefeito (Azoka Gouveia-PT) e, a partir da próxima semana, teremos três pessoas que irão efetuar a transição”, destacou Kaká.

No município de Goiana, na Zona da Mata Norte, o prefeito eleito, Fred Gadelha Júnior (PTB), disse já ter iniciado os diálogos com o prefeito Henrique Fenelon (PCdoB), e deverá receber em breve as primeiras informações.

Mesmo assim, ele ressaltou que já vem pesquisando acerca dos dados municipais de maneira externa.

O petebista disse estar muito preocupado com relação a contratos e convênios, pois a Prefeitura já “extrapolou” o limite imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal. “Isso já dá um panorama geral de dificuldade financeira e de termos que atuar com austeridade, sobretudo no primeiro ano, para que a gente possa colocar a casa em ordem, e começar um segundo ano tendenciando uma administração com a nossa cara. Haja vista que nós teremos que governar em 2013 com o orçamento do atual prefeito”, concluiu.

Outro município que também passa por isso é Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste. De acordo com o deputado estadual Edson Vieira (PSDB), que derrotou o federal José Augusto Maia (PTB), nesta semana deverão ser repassadas as primeiras informações pelo equipe do prefeito Antônio Figuerôa (PTB). Mas sua preocupação está em não ficar muito em cima do início de sua gestão, em janeiro. “O que queremos é poder chegar até o fim do mês com essas informações, porque tudo que recebemos até agora foi supérfluo”, declarou Vieira.

TRANQUILIDADE
Em Itaquitinga, o prefeito eleito Pablo Moraes (PDT), mesmo tendo sido oposição, disse não estar com dificuldades em relação ao atual gestor, Geovani de Oliveira (PMN), que foi candidato à reeleição. “A equipe que a gente entregou à Prefeitura há quatro anos a ele, já que meu pai (Zeca-PMDB) foi o prefeito anterior, é a mesma de agora. Do mesmo jeito que a gente recebeu bem eles, há quatro anos, estão nos recebendo bem agora. Graças a Deus está tudo em paz”, declarou o pedetista. Outro município onde tudo parece correr bem é o de Araçoiaba, onde venceu o Joamy Oliveira (PDT). “A transição está boa”, resumiu o futuro prefeito.

Acerca desta questão, o assunto também foi discutido durante o encontro entre os prefeitos eleitos em Pernambuco, no seminário Novos Gestores 2013-2016, realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em Porto de Galinhas, em Ipojuca. “Nós conversamos com eles, orientando sobre as principais práticas a serem desenvolvidas na transição, da necessidade de uma conversa franca, verdadeira e direta com o atual gestor. E também da necessidade que o novo prefeito tem de receber informações para poder governar a partir do dia 2 de janeiro”, explicou a diretora técnica da CNM, Elena Garrido.

FolhaPE
 
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