13 novembro 2012

Economia: Projeto da Fiat em implantação em Goiana passa dos R$ 4 bilhões. Geração de empregos pode chegar a 180 mil

Fábrica tem números gigantescos.

Muito do discurso da montadora Fiat ao anunciar e consolidar o investimento de R$ 4 bilhões em um complexo automotivo no Brasil é “acreditar no mercado do País”. Quando se trata da escolha de Goiana, município da Zona da Mata Norte que tem grande volume de sobrevivência proveniente da produção de cana de açúcar, trata-se de investir em uma cidade dentro de outra.

Para se ter ideia, quando estiver em operação, prevista para 2014, a fábrica da Fiat terá mais de 550 mil metros quadrados (m²) de área coberta e vai empregar 12 mil pessoas, considerando a planta matriz e as 14 sistemistas de primeiro nível.

Os números são ainda mais expressivos. “A construção vai movimentar 32 mil toneladas de aço e 135 mil metros cúbicos (m³) de concreto.

A área total de 1,4 milhão de m² terá mais de 20 quilômetros de vias internas para mobilidade de milhares de trabalhadores. Além disso, serão 180 ônibus fazendo a logística de pessoas, que movimentarão a produção entre 200 mil e 300 mil carros por ano, que equivalem à montagem de 800 a 1,2 mil veículos por dia, aproximadamente 45 por hora, ou seja, um carro sendo fabricado e entregue ao campo de provas a cada 1,4 minuto”, pontuou o diretor de Relações Industriais da Fiat, Adauto Duarte.

Durante audiência pública realizada em Goiana na semana passada, o projeto da montadora foi apresentado a representantes da sociedade civil e gestores públicos, considerando os dados de produção do Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), entregue à Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e antecipado com exclusividade pela reportagem da Folha de Pernambuco. Conforme apresentado, serão quatro etapas de produção: prensa, funilaria, montagem e a central de comunicação, que está integrada às outras unidades e onde será feita a validação da qualidade do processo. Na prensa, onde será transformado aço em parte do veículo, por exemplo, a produção será de quase mil peças fabricadas. Na funilaria, onde a peça vira carroceria, são 261 estações executando mais de quatro mil pontos de solda.

Para finalizar o nada discreto processo de fabricação de veículos, ocorre a etapa de montagem, quando a carroceria que vem da funilaria e já passou pelo teste de qualidade no centro de comunicação, vai se transformar no carro. Em um galpão de 800 m², a carroceria recebe em segundos mais de seis mil componentes. Os passos subsequentes são teste hídrico e pista de teste em diversos tipos de solo. Vale ressaltar que 100% dos carros são testados e passam três vezes pela central de qualidade. Atualmente, a Fiat encontra-se na etapa de construção do canteiro de obras, onde deve ficar até dezembro. A construção da planta matriz tem previsão de iniciar em janeiro de 2013 e a produção, em 2014.
Geração de empregos pode chegar a 180 mil
Apesar de configurar um panorama de cerca de 12 mil empregos, considerando a planta matriz e as 14 empresas sistemistas de primeiro nível, a operação da montadora em Goiana promete, ou pelo menos espera, revolucionar o emprego em indústria e serviço na Zona da Mata Norte do Estado. A promoção de uma cadeia de crescimento, batizado pela montadora de “efeito desenvolvimento”, é que os postos de trabalho em função da produção de carros Fiat chegue ao nada singelo número de 180 mil empregos.

Esse movimento também vai contar com uma ajuda. “No entorno do complexo automotivo da Fiat haverá um cinturão de 2,5 quilômetros para receber mais indústrias de perfis ainda não definidos e não necessariamente do segmento de produção automotiva”, afirmou o diretor de Relações Industriais da Fiat, Adauto Duarte. “Não há ideia de quantas serão abrigadas e a articulação para atração desses investidores ainda não foi iniciada”, ressaltou.

Segundo ele, para se ter ideia da amplitude das conexões trabalhistas no Polo Automotivo do Estado, o conceito é que cada emprego direto gerado promova mais oito novos postos, considerando a cadeia produtiva das sistemistas. E vai além. Deve gerar mais 40 postos nos serviços, como transporte, alimentação, comércio, destacado pela indústria como Efeito Renda. O cálculo, por exemplo, segue a linha de raciocínio de que 4,5 mil empregos diretos, esperados para a fábrica, devem gerar 36 mil no fornecimento direto e que cheguem a 180 mil postos de trabalho, considerando os serviços.

Durante audiência pública para apresentar o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), a coordenadora técnica da Pires advogados e Consultoria, responsável pelo levantamento, Flávia Reis, apresentou o grande entrave do processo. “Apesar de geração de empregos, as condições adversas ficam, principalmente, na sobrecarga da infraestrutura existente. Vivemos um problema de mobilidade e que pode se agravar, já que a única saída da fábrica é a BR-101, que é precária”, ponderou.

FolhaPE
 
-
-
Todos os direitos reservados à Anderson Pereira. Obtenha prévia autorização para republicação.
-