Cidades planejadas redesenham estruturas urbanas em seis municípios do Estado
“A cidade não pára, a cidade só cresce”. A frase é da música “A Cidade”, da banda Nação Zumbi. Embora tenha sido escrita na década de 90, a canção não poderia ser mais atual. São Lourenço da Mata, Goiana, Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca são apenas exemplos de municípios que crescem a todo vapor em Pernambuco. Novos investimentos são anunciados com frequência e transformam radicalmente a cara das (até então, pequenas) cidades que precisam se preparar rapidamente para receber novos polos comerciais e de serviços e uma grande quantidade de pessoas. Embora o conceito não seja novo, a atual conjuntura econômica de Pernambuco, com o Complexo Industrial Portuário de Suape, no litoral Sul, e a instalação das fábricas da Fiat e da Companhia Brasileira de Vidros Planos (CBVP), em Goiana (Mata Norte), por exemplo, está provocando um boom na implantação das chamadas “cidades planejadas”.
“Um bairro planejado é feito quando se isola determinado território limpo e nele se constroem espaços projetados. Uma cidade, de acordo com a Carta de Atenas (documento sobre o papel do urbanismo assinado por arquitetos e urbanistas em 1933), tem quatro funções: morar, trabalhar, circular e divertir. Atualmente, se insere também a função “comprar”. Esses espaços que estão sendo projetados preveem shoppings, centros de serviços, escolas, áreas de lazer e estruturas diversas. Desse ponto de vista, essas cidades são autossuficientes”, destacou o arquiteto e urbanista e integrante do Observatório do Recife, Francisco Cunha. No Estado, hoje, dez espaços estão sendo planejados para atender à demanda das novas regiões de industrialização. Oito já foram anunciados e mais dois devem ter os detalhes divulgados em breve. O Cabo de Santo Agostinho receberá três empreendimentos. Os municípios de Goiana e São Lourenço receberão duas cidades planejadas cada. Completam a lista, Camaragibe, Jaboatão dos Guararapes e Ipojuca.
A necessidade de fornecer abrigo e infraestrutura para os novos moradores é um dos motivos que propiciam o surgimento destes bairros projetados. Para o economista e professor da Faculdade Boa Viagem, Marcelo Barros, o atual Governo promoveu uma política de descentralização, o que gera desenvolvimento para fora da Região Metropolitana do Recife. “Por causa desse momento, Pernambuco continua crescendo acima da média nacional. Para se ter ideia, em 2011, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil cresceu 2,7% e Pernambuco, 4,5% - uma diferença de quase dois pontos percentuais. O crescimento do Estado e a criação desses polos industriais está gerando uma demanda por habitação e essas cidades planejadas fazem parte de um movimento que está tentando acompanhar o ritmo de desenvolvimento do Estado”, explicou.
Folha de Pernambuco