Pernambuco terá uma nova configuração de mão de obra nos próximos dez anos, quando os grandes empreendimentos em fase de implantação atingirem a produção plena. O boom do emprego na construção civil, intensificado a partir de 2007, prossegue com as obras físicas da Cidade da Copa, em São Lourenço da Mata, e da fábrica da Fiat, em Goiana. Após o período de instalação dos novos parque fabris, as projeções apontam a abertura de um novo leque de ocupações. As oportunidades de emprego estarão no setor de serviços especializados e nas indústrias fornecedoras de insumos. Um estudo de impacto econômico, realizado pela Agência Condepe/Fidem, prevê a criação de 1,2 milhão de postos de trabalho no estado.
Por enquanto, quem surfa na onda positiva do emprego é o trabalhador da construção civil. O número de empregos no setor pulou de 56 mil para 88 mil entre 2001 e 2010, segundo os números da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), do Dieese. O crescimento foi de 57,1% no período. Desbancou o setor de serviços, cujo aumento foi de 36,4%. “A construção civil é a vedete do crescimento do emprego na década”, assinala Jairo Santiago, coordenador geral da pesquisa. Segundo ele, nos demais setores da economia, o emprego pouco se moveu na área metropolitana.
Anilo Antônio da Cruz, 42 anos, fazia “bicos” há quatro quando surgiu a vaga de pedreiro no canteiro de obras da Hemobrás, em Goiana. Começou a trabalhar em outubro de 2010. Subiu de posto e está como líder de equipe. “O mercado de trabalho melhorou 100% por causa das fábricas. Goiana fica entre Recife e João Pessoa e não tinha emprego.” Com três filhos para criar e o quarto para chegar, ele aposta na maré boa do emprego quando acabar a construção da fábrica: “Acho que os empregos continuarão por aqui”.
A ex-frentista Marilene da Silva Maciel, 38, paraibana de Caporã, também surfou na maré do emprego em Pernambuco. Depois de oito anos desempregada, ela decidiu fazer um curso técnico de armadora no Senai de João Pessoa. “Apareceu essa vaga na construção civil e eu me candidatei. A disputa foi grande, mas eu consegui”, comemora. Há quatro meses ela trabalha como apontadora no canteiro de obras da fábrica de hemoderivados, com mais 550 peões. E o preconceito? “A construção civil tem espaço para a mulher crescer e competir com os homens”, garante.
O presidente da Agência Condepe/Fidem, Antônio Alexandre, prevê que o boom da construção se mantenha até 2017. E para onde vai esse exército de trabalhadores após a desmobilização dos canteiros de obras? Para Antônio Alexandre, o perfil do trabalhador da construção civil começa a se modificar com os programas de capacitação, o que facilitará o remanejamento desses profissionais.
Por Rosa Falcão
Diário de Pernambuco
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