Terraplenagem do terreno que vai abrigar a fábrica Fiat em Goiana está em fase de conclusão. Segunda etapa de construção da montadora terá início no próximo mês.
Segunda etapa das obras da fábrica da Fiat em Goiana começa em 20 dias, com geração de sete mil empregos.
Com a conclusão das obras de terraplenagem, dentro de 20 dias, e o início da construção da fábrica da Fiat, previsto para o próximo mês, Goiana está mais perto de ver cumprida a promessa de desenvolvimento da cidade a partir do polo automotivo. Para celebrar a nova etapa, os governos estadual e municipal preparam solenidade de lançamento obra da montadora, que deve ser realizada no final do mês, com a participação da presidente Dilma Rousseff. Enquanto isso, a corrida pela qualificação já começou. Na cidade, não faltam interessados em conquistar as sete mil vagas que serão geradas nas obras da planta. A consolidação dos projetos também deve elevar as vendas no comércio local em até 20%.
O terreno destinado à Fiat e aos seus fornecedores tem 1,4 mil hectares, segundo relata o presidente da Agência de Desenvolvimento de Goiana (AD Goiana), Rodrigo Augusto. “Foi concluída a obra nos 400 hectares onde ficará a planta da montadora”, explica ele. A Construcap, empresa de Goiás que ganhou a licitação do projeto, contratou 750 pessoas, sendo 222 delas (cerca de 30%) moradoras de Goiana.
Esse é o caso de Daniel de Oliveira, 44 anos, que conseguiu o cargo de motorista de caminhões. “Era motorista nas usinas. É a primeira vez que trabalho em obra. Gostei. Na usina, a gente trabalhava dois dias e folgava dois. Aqui, a gente só folga no domingo, por isso o salário é o dobro”, conta ele. Com o término da obra, o destino dos empregados ainda é incerto. “Ofereceram uma oportunidade em um projeto da construtora em Imperatriz (MA). Talvez eu vá”, conta ele. Do lado de fora, Manuel do Nascimento, 64 anos, aproveita para incrementar a renda da família com a venda de lanches. “Tenho dois filhos que trabalham na obra. Trago eles e fico aqui. Antes só vendia nas feiras nos finais de semana. Agora tiro R$ 40 por dia”, calcula.
Se a terraplenagem do terreno já estava repercutindo na economia de Goiana, não é difícil imaginar os impactos que as obras da planta da montadora terão sobre o município. A construção da fábrica vai empregar sete mil. Considerando as obras da Companhia Brasileira de Vidros Planos (CBVP), também com previsão de iniciar em junho, ao todo, serão gerados mais de 10 mil empregos na construção civil, de acordo com o presidente da AD Goiana. O volume corresponde a quase 15% da atual população do município, estimada em 75 mil habitantes.
A Secretaria de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo (STQE), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), abriu 6.782 vagas para formar ajudante de obras e de montagem, almoxarife, apontador, armador, azulejador, carpinteiro, encanador, encarregado de obras, pedreiro, pintor, servente e supervisor de montagem. O curso está sendo realizado não apenas em Goiana, mas em outros doze municípios: Abreu e Lima, Aliança, Araçoiaba, Camutanga, Condado, Ferreiros, Igarassu, Itamaracá, Itambé, Itapissuma, Itaquitinga e Timbaúba. Quem está fazendo o curso sonha com a contratação. “Nunca tive a carteira assinada”, conta Ocledivan Ferreira, 23 anos. José Roberto do Nascimento, 39 anos, mudou-se do Recife para a casa dos familiares em Goiana. “Espero que o curso ajude a ser empregado”, conta ele.
A maioria dos estudantes são homens. Na turma de carpinteiro, Tatiane Araújo, 19 anos, é uma das duas únicas estudantes. “É uma profissão que é difícil uma mulher querer. Meu objetivo é estar na obra para trabalhar na Fiat depois”, conta ela. Segundo a montadora, 70% dos funcionários da obra serão qualificados para serem aproveitados na operação da fábrica.
Diário de Pernambuco