18 março 2012

Política: Da cana-de-açúcar à industrialização

Prefeitura de Goiana é alvo de cobiça de cinco pré-candidatos, todos da Frente Popular

Com uma área territorial maior que a do Recife, a capital do estado, o município de Goiana, na Mata Norte, deve enfrentar uma das eleições mais acirradas dos últimos 20 anos. O potencial de crescimento – capaz de transformar a localidade numa das mais desenvolvidas de Pernambuco até 2014 – parece doce como açúcar. É justamente nesse ponto que o desafio aumenta. O município com tradição em engenhos de cana-de-açúcar deve se transformar numa cidade “operária”, com a chegada de três polos industriais diferentes: o de vidro, o automotivo e o farmacoquímico. As mudanças políticas e econômicas, portanto, estão apenas começando.

As eleições em Goiana normalmente oscilam a cada quatro anos, com poucos ou muitos candidatos, segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Em 1992 e 1996, respectivamente, houve cinco concorrentes ao cargo de prefeito; em 2000 e 2004, três e, em 2008, cinco. Neste ano, no entanto, a novidade é o surgimento de vários palanques da base governista e a certeza de que Goiana terá uma importância maior no mapa eleitoral de 2014, quando se escolherá o novo governador. Todo mundo sabe, aliás, que dinheiro é poder e os atuais investimentos no município chamam poder – além de tudo que vem com ele.

 Hoje, há cinco prefeituráveis na cidade – Carlos de Joca (PSB), Henrique Neto (PCdoB), Fred da Caixa (PTB), Osvaldo Rabelo (PSD) e Sargento Menezes (PRTB) –, todos integrantes da Frente Popular, mas que precisam afiar bem o discurso para convencer o eleitor, exigente com a nova realidade. Nesse contexto, as cobranças são boas, porque o município reflete o contraste entre o velho e novo – o verde e as máquinas -, o que exige um ponto de equilíbrio.

A vontade de acertar, conquistar ou manter um projeto de poder em Goiana é tão grande que é difícil perceber diferenças nos discursos dos grupos políticos. Todos os pré-candidatos falam na importância da qualificação profissional e de criação de um moderno plano diretor para impedir o crescimento desordenado do município, mas só o goianense sabe os pormenores e conhece aquilo que fará a diferença na hora H.

As urnas vão dizer quem ficará à frente de tantas promessas convidativas, mas a preparação começa já. Quando se chega em Goiana, vê-se áreas verdes enormes, espaços vazios e máquinas de um lado a outro, arrancando às pressas a cana-de-açúcar da paisagem. Como a cana-de-açúcar, aliás, o desenvolvimento oferece produtos e subprodutos. É preciso, agora, escolher quem pode tirar o melhor caldo.

Radiografia
Área territorial: 501,881 quilômetros quadrados (quase o dobro do Recife)
População: 75.644
Eleitorado: 55.145    
Número de pessoas alfabetizadas: 73.937
Domicílios: 21.480
Domicílios com rede de água e esgoto: 14.308 (61,6%)
Domicílios com rendimento mensal com mais de 5 a 10 salários mínimos: 1.440
Fundo de Participação dos Municípios: R$ 20,1 milhões
Número de pessoas ocupadas: 11.832*
Renovação de prefeitos em  20 anos
Fonte: IBGE
* O número pode estar subestimado em virtude dos novos investimentos em Goiana

Por Aline Moura
Diário de Pernambuco
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