03 janeiro 2012

Perspectiva de novo edital do Funcultura anima grupos artísticos do interior

Secretaria de Cultura anuncia para 2012 a chegada do primeiro edital regionalizado do Funcultura. Espera-se com isso que mais artistas busquem verbas para os seus projetos

Pernambuco ainda tem dezenas, talvez centenas, de representações culturais praticamente desconhecidas da maioria da população. Produzido pelo Ponto de Cultura Sanfona Cultural, o livro Quem inspira a sua arte traz um mapeamento dos artistas e mestres populares da Bacia do Goitá: o cavalo-marinho de Seu Zé de Bibi, o coco de roda de Ciriaco, o mamulengo de Seu Zé de Vina. Expressões artísticas que sobrevivem com muito suor no interior do Estado e pouco conseguem se mostrar para os que se distanciam do seu raio de ação.

O secretário de Cultura do Estado, Fernando Duarte, anunciou que na primeira metade de 2012 estreia o edital regionalizado do Funcultura. Ainda sem orçamento definido, a seleção irá atender as 12 regiões do Estado. "Mas se eu tiver recursos para o Sertão do Araripe, só as pessoas da região vão competir entre si", exemplica o gestor. Atualmente, cerca de 70% dos produtores cadastrados na Fundarpe são da Região Metropolitana do Recife, que concentra a grande maioria dos projetos aprovados.

Muito distante, mas em segundo lugar, vem a Zona da Mata Norte que pode ser considerado um exemplo por ter alguns grupos organizados e que já começam a mostrar sua cara, além de sediar o Pontão de Cultura Canavial, única experiência do Brasil de uma agência de fomento à cultura popular. Nos últimos dois anos, cerca de 500 mestres, brincantes, artistas e produtores passaram pelas aulas e cursos da entidade, sediada em Nazaré da Mata, no Engenho Santa Fé.

Produtor cultural ligado ao Pontão, Ederlan Fábio Freitas afirma que este ano os grupos, artistas, produtores e mestres ligados ao Movimento Canavial mandaram 50 projetos, aprovando 27 deles. No ano passado, foram 60 com aprovação da metade(30) no Funcultura. Nascido em Itaquitinga, ele acredita que está se criando na Mata Norte um processo que, além de promover e proporcionar informação, está gerando sustentabilidade para os grupos. "A ideia da gente é colocar a Zona da Mata no foco. A Zona da Mata existe", orgulha-se.

Para a professora Vanessa Santos, também integrante do Movimento Canavial, um dos trabalhos mais interessantes do Pontão foi o resgate de grupos como as Pretinhas do Congo de Goiana e do bloco rural Andaluza, de Tracunhaém, que estavam esquecidos e hoje têm sede e se tornaram pontos de cultura. Trabalhando entre Goiana, Condado, Aliança, Vicência, Buenos Aires, Tracunhaém e, agora, Timbaúba, o Movimento Canavial, no entanto, ainda não consegue atingir a totalidade da região.

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