Com a inauguração da primeira etapa da fábrica, empresa espera chegar a 2012 com 800 profissionais.
O número de trabalhadores envolvidos na construção da fábrica da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) em Goiana, a 63 quilômetros do Recife, vai praticamente dobrar em 2012.
Atualmente, 450 profissionais atuam na obra, número que deve chegar a 800 no próximo semestre. Nesta semana foi inaugurada a primeira etapa do projeto, cujo investimento total é de R$ 670 milhões.
Muitos dos profissionais que estão no canteiro são do próprio município e alguns vieram do corte da cana-de-açúcar, como Dário Evangelista, 43 anos. Ele passou por um curso de capacitação oferecido pela prefeitura e conseguiu emprego de auxiliar de serviços gerais. Ontem, durante a cerimônia de inauguração da primeira etapa, Dário foi homenageado.
“Precisamos qualificar os pernambucanos para ocupar as vagas que estão surgindo”, discursou o governador em exercício João Lyra Neto, lembrando que será necessário um grande esforço para capacitar profissionais para trabalhar em outro grande projeto: a fábrica da Fiat, também em fase de implantação no município da Zona da Mata Norte.
Essa primeira etapa da Hemobrás compreende os blocos B-01, B-17 e parte do B-14. As obras começaram a ser executadas em junho de 2010 pelo consórcio TEP/Squadro/Mendes Júnior, ao custo de R$ 27,4 milhões. O principal prédio, o B-01, abriga uma câmara fria que vai funcionar a -35°C, destinada à recepção, triagem e armazenamento do plasma, matéria-prima dos hemoderivados.
“Com a inauguração da primeira etapa da Hemobrás, o Brasil entra em uma nova era e Goiana, mais uma vez, escreve parte da história desse país. Esta não é uma fábrica qualquer, não queremos apenas estocar plasma e fabricar hemoderivados. Queremos ser autossuficientes neste setor”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. “Em breve vamos poder fabricar hemoderivados para atender aos pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) e em cada frasco estará escrito made in Goiana.”
Durante a inauguração, a câmara fria estava operando a 8°C. A área passará por um processo de acondicionamento para chegar à temperatura de -35°C até julho de 2012, quando de fato estará apta a receber o plasma coletado nos hemocentros do país. O edifício, da altura de um prédio de seis andares, tem capacidade para estocar um milhão de bolsas de plasma.
O presidente da Hemobrás, Romulo Maciel, explicou que, além do acondicionamento, será necessário fazer a qualificação do maquinário para que a câmara fria comece a receber o plasma. O funcionamento só se dará após autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Até lá, o plasma brasileiro será remetido ao Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB), na França, onde serão produzidos os hemoderivados para distribuição no SUS.
O LFB é parceiro da Hemobrás na transferência de tecnologia para produção de hemoderivados. A fábrica entra em operação plena em 2014 e, quando isso acontecer o Brasil, será uma das 15 nações a possuir uma planta desse tipo. Também serão economizados cerca de R$ 1 bilhão por ano, valor que hoje é gasto com importações.
Saiba mais
Fábrica da Hemobrás
Primeira etapa
Blocos B-01 (câmara fria), B-17 (subestação com 4 geradores)
e parte do B-14 (reservatório de água)
Valor do investimento: R$ 27,4 milhões
Início das obras: junho de 2010
Segunda etapa
12 blocos, entre eles o B-02 (fracionamento do plasma e
transformação em medicamentos) e o B-03 (envase dos produtos)
Valor do investimento: R$ 269 milhões
Início das obras: junho de 2011
Investimento total
R$ 670 milhões
(recursos do Ministério da Saúde)
Início da operação: 2014
Produtos
Albumina, imunoglobulina, fatores de coagulação VIII e IX,
completo protombínico e fator de von Willebrand
Diário de Pernambuco