Com o objetivo de se antecipar aos possíveis problemas que o desenvolvimento econômico pode levar até a cidade de Goiana, a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) - que está investindo R$ 670 milhões no Estado - resolveu criar um projeto intitulado “Análise Participativa da Realidade Socioambiental”. Essa pesquisa, que começa em 15 dias, incluirá não só a cidade sede, mas também Igarassu, Itapissuma, Itaquitinga, Itamaracá, Condado e Itambé, além dos municípios de Pedra e Fogo e Caaporã, na Paraíba. O Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco) será responsável pelo estudo. Os primeiros dados específicos de Goiana devem ser divulgados em seis meses.
O Complexo de Suape e a Indústria Petrolífera de Macaé, no Rio de Janeiro, foram usados como exemplos a não serem seguidos. “Os dois locais tiveram crescimento sem sustentabilidade. É possível notar a favelização e o transtorno com trânsito na cidade carioca. Lá, 50% dos domicílios não possuem coleta de esgoto”, contou a coordenadora da pesquisa, Tereza Lyra. Os problemas de Suape não ficaram para trás. “Houve inflação imobiliária, deficit de residência, além de tráfico de drogas, prostituição de menores e doenças”, disse. A coordenadora de Resposabilidade Social da Hemobras, Danusa Benjamim, reforçou o vínculo da estatal co o Ministério de Saúde. “Nossa preocupação precisa ir além da questão econômica”, afirmou.
A pesquisa se dará da seguinte forma: metodologia participativa (com inclusão das comunidades que fazem parte dos municípios escolhidos), diagnóstico com e para o município, reflexão coletiva e diagnóstico participativo. “Haverá um autodiagnóstico, uma leitura de paisagem, para que os participantes da pesquisa conheçam melhor a região, um levantamento e discussão. Tudo isso ocorrerá de forma paralela”, falou Lyra. O resultado geral deve ser publicado depois de um ano de trabalho.
Folha de Pernambuco