Antônio Gomes da Silva, 59 anos, tem uma ficha criminal assustadora. É suspeito de nada menos que 210 assassinatos. Confessou 25 execuções, mas 164 inquéritos o identificam como autor. Apontado como líder de um dos grupos de extermínio mais sangrentos de Pernambuco, foi preso no último sábado em Itambé, na Mata Norte, onde fez suas duas últimas vítimas. Autointitulado “justiceiro”, o suspeito e outros 14 homens aterrorizaram Goiana, Aliança e cidades paraibanas que fazem divisa com Pernambuco durante 25 anos. Da quadrilha, pouco restou. Dez integrantes estão presos e três mortos. Outros dois são procurados. Um dos que morreram pelas mãos do grupo, em 24 de janeiro de 2009, foi o então vice-presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), o advogado Manoel Bezerra de Mattos Neto, 44.
“Recebemos os 210 inquéritos em janeiro do ano passado. Ele liderava a quadrilha de pistoleiros. Por muito tempo comandou os crimes de dentro dos presídios, através de celulares. Ao que tudo indica, foi o que aconteceu no caso do advogado Manoel Mattos”, contou o gestor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Joselito Kerhler. Mesmo sob o poder da polícia, o líder do bando se recusou a dizer quanto ganhava pelos assassinatos e quem o contratava.
Em 1991, Antônio foi preso pelo assassinato de um homem identificado como Xuxa. Cumpriu pena no Presídio Aníbal Bruno, no Recife e, ao entrar no regime semiaberto, foi transferido para a Penitenciária Agroindustrial São João (PAI/SJ), na Ilha de Itamaracá. Em maio deste ano, ao receber o indulto para passar o fim de semana com a mãe, fugiu. Em menos de um mês, fez duas novas vítimas: Rosenildo Severino da Silva e Reginaldo Justino da Silva, ex-integrantes do grupo e que passaram a atuar em quadrilhas rivais.
“Ele não parou. Além de matar, ameaçou de morte outras duas pessoas envolvidas no caso Manoel Mattos”, explicou Kerhler. As ameaças foram para a promotora responsável pelo caso, Rosimere Souto Maior, e para uma das testemunhas. Com os novos crimes, a polícia conseguiu os mandados de prisão preventiva.
Pico hipertensivo
Durante a apresentação à imprensa, o suspeito teve um pico de hipertensão arterial e precisou ser socorrido. Após o atendimento médico, foi encaminhado ao Presídio de Limoeiro, no Agreste.
Diário de Pernambuco