07 julho 2011

Fiat troca Suape por Goiana

Montadora levará para a Mata Norte a pista de provas e o centro de desenvolvimento dos veículos do projeto

A estratégia multiplicadora do governo Eduardo Campos acelera o crescimento econômico de Pernambuco enxergando o Litoral Norte como foco da descentralização industrial e expansão desordenada do complexo de Suape. Um planejamento exato de números, logística e interesses políticos foi capaz de seduzir a Fiat, que segundo fontes ligadas à montadora, já aceitou transferir a planta de Suape, fragmentada em três terrenos, para comportar a fábrica, o centro de desenvolvimento dos veículos e a pista de provas em único lugar na nova área da Mata Norte.

O entorno do município de Goiana deverá trocar a cultura natural da cana-de-açúcar pela metalurgia. Uma nova Betim nascerá a partir de construções alavancadas pelos projetos sociais da Fiat, que comemora neste sábado 35 anos de Brasil.

De acordo com as informações apuradas nos bastidores da negociação, a mudança de área só não dará certo se os acertos técnicos de logística prometidos pelo governo não ficarem prontos, dentro do cronograma estratégico desenhado pelos investimentos da fábrica. Fato que pode ser considerado descartado pela equipe do governador. “A promessa do governo foi clara para a Fiat, que entendeu o propósito e analisou também as operações iniciais e o custo de moradia para os novos empregados residentes ou não”, informou nossa fonte.

O investimento de R$ 3 bilhões para a instalação da mais moderna fábrica do grupo que é dono da Ferrari, Alfa Romeo, Chrysler e Lancia já está sendo utilizado. O aporte pernambucano faz parte do plano de investimentos de R$ 10 bilhões que a Fiat aprovou para o Brasil. O saldo maior é destinado à fábrica de Betim e ao desenvolvimento de novos veículos.
Novo

O complexo logístico, integrado com porto, rodovia e um aeroporto de cargas na Ilha de Itapessoca, no Litoral Norte do estado, próximo à praia de Ponta de Pedras, em Goiana, vai garantir a estrutura necessária para o levantamento dos galpões da Fiat em terreno próximo, no entorno da praia de Atapuz. O projeto nasce como alternativa ao Porto de Suape, que já deve sentir a falta de terrenos maiores para grandes investimentos estrangeiros.

O que precisa a Fiat? A montadora necessita de um platô aproximado de 10 metros de profundidade para instalação das prensas e da drenagem dos resíduos gerados pelas máquinas. A fábrica ecologicamente correta tem que ganhar em profundidade de terreno e espaço físico.

Para deixar pronto o espaço prometido para a Fiat no Complexo de Suape (4,4 milhões de metros quadrados), o governo, segundo fonte da montadora, investiria cerca de R$ 200 milhões na terraplanagem do local, dinheiro que será poupado e gasto diretamente na obra do novo porto. A área de Goiana está a favor da economia e da instalação da planta.

A montadora não se pronuncia sobre o assunto, mas o segundo tempo do processo contemplará a divisão dos 50 fornecedores que fazem parte da cadeia produtiva, em três pontos estratégicos. As fábricas menores estarão espalhadas desde Suape até o estado da Paraíba, que será diretamente beneficiado com a construção do novo complexo. Eduardo Campos abre os braços para o governador paraibano, Ricardo Coutinho (PSB), e dá importante passo para se tornar “o multiplicador estratégico do desenvolvimento econômico no Nordeste”.
Saiba mais

R$ 3 bilhões
É o investimento previsto da Fiat em Pernambuco

5 mil
Empregos devem ser gerados com a instalação da montadora

Crescimento
Pernambuco supera o Brasil

Planta
Serão produzidos na unidade Pernambuco 200 mil carros/ano

O carro
No preço e no mercado será o sucessor do Uno Mille e deverá agradar em cheio a Classe C

Espaço
A fábrica ocupará terreno de 4,4 milhões de metros quadrados

Objetivo
Fabricante pretende vender mais de um milhão de veículos em 2014 

Diário anunciou chegada
A Fiat, maior fabricante de automóveis do Brasil e líder do mercado com 23% de participação, escolheu Pernambuco para abrigar a sua segunda montadora no país e a terceira no Mercosul. A segunda planta da Fiat brasileira levará cerca de 28 meses para ficar pronta primeiramente em um terreno de 100 hectares no Complexo de Suape. Com a mudança para Goiana, a estratégia técnica da montadora continua com o propósito de gerar mais de cinco mil novos empregos.

O projeto pernambucano contemplará uma nova família de automóveis no país que será lançada em 2014, ano da Copa do Mundo de futebol no Brasil e que tem o estado como uma das principais sedes. O modelo compacto, made in Pernambuco, será, em matéria de preço e mercado, o sucessor do Mille (Uno de carroceria velha). O carro de combate para conter a entrada dos chineses no Brasil que será feito para toda a América Latina, utilizando a plataforma logística de exportação do porto.

Os dados da Fiat também apontam que a economia do Nordeste deverá crescer a taxas superiores à da economia nacional e será a ponte de expansão da indústria para os novos mercados. A Ford já tinha provado do tempero nordestino quando apostou na planta de Camaçari, na Bahia, para produção do projeto Amazon, leia-se Fiesta e EcoSport. Atualmente, por lá eles desenvolvem a nova geração mundial do EcoSport, reafirmada ontem, na capital paulista, pelo presidente da Ford Mercosul, Marcos de Oliveira.

No dia 28 de dezembro do ano passado, o governo e a Fiat lançaram a pedra fundamental da nova fábrica no Complexo Industrial Portuário de Suape, Região Metropolitana do Recife. Ato comemorado pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e pelo CEO mundial do Grupo Fiat, Sergio Marchionne. O gesto político e o início das obras mudaram de rumo. Na época, Eduardo Campos e o presidente da Fiat na América Latina, Cledorvino Belini, destacaram para mais de mil convidados que os benefícios econômicos e sociais que virão com o empreendimento, como a atração de novas indústrias e a capacitação técnica de um grande contingente de profissionais. (Colaborou Taciana Góes).

Fontes: Jornal Diario de Pernambuco, edição de 07/07/2011
Estado de Minas - Vrum
 
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