Foram registrados casos no Recife, Paulista, Vicência, Goiana e Moreno
O número de adolescentes vítimas do Desafio da Baleia Azul subiu para sete em Pernambuco. Estão sendo investigados dois casos no Recife nos bairro de Brasília Teimosa e Ibura, um caso no município do Paulista, um em Vicência, um em Goiana e outros dois em Moreno. O gestor do Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), delegado Darlson Macedo, se pronunciou na tarde desta quinta-feira sobre os casos. A Polícia Federal investiga as ocorrências de Moreno.
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A maioria das vítimas do Desafio da Baleia Azul são crianças e adolescentes entre 10 e 16 anos. Os chamados curadores exigem às vítimas que cumpram 50 comandos e enviem vídeos ou fotos como prova que concluíram cada etapa diária do jogo. Na última fase, os participantes têm que se matar. O desafio que estimula o suicídio é um aplicativo que se alastrou, em 2015, na rede social russa VKontakte e hoje está presente em grupos secretos nas redes sociais. O aplicativo exige atividades diárias que são cobradas por quem lidera o jogo. Os participantes devem enviar fotos e vídeos comprovando que cumpriram as missões.
Assim que o adolescente ingressa no jogo, já começa a ser ameaçado para que não saia e várias tarefas são repassadas e vão se agravando. As missões englobam fazer mal a alguém, subir em local alto, fazer atividade de risco, se mutilar, matar animais de estimação e termina no suicídio. Outras atividades denunciadas pelas vítimas são assistir filmes de terror sozinho de madrugada, ouvir músicas tristes, ir para locais desertos à noite, desenhar uma baleia no braço com faca ou navalha e matar e beber o sangue de animais. No Ibura, uma das vítimas matou um gato e se filmou enquanto bebia o sangue dele.
Em Moreno, a atenção de uma mãe pode ter salvado a vida das irmãs de 14 e 16 anos. Na última segunda-feira, a mulher viu uma reportagem na televisão a respeito do desafio e começou a observar o comportamento das meninas. Ela notou que as irmãs apresentavam lesões nas mãos e nos braços. Na terça, a família procurou a Polícia Federal. De acordo com o chefe de comunicação da Superintendência da Polícia Federal em Pernambuco, Giovani Santoro, os casos ainda estão sendo investigados. "Num primeiro momento, elas deram muitos detalhes sobre como entraram no jogo através do Facebook, mas, em seguida, começaram a se contradizer. Ainda estamos analisando", pontuou.
Por sua vez, a Polícia Civil investiga outros cinco casos e deverá pedir a quebra de sigilo telefônico de três números do interior do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e de Salvador, na Bahia. Suspeita-se que os donos das linhas estejam fazendo ligações para intimidar os participantes do jogo. O inquérito policial é fruto de uma investigação iniciada na quarta-feira passada após uma adolescente de 13 anos, que mora no Paulista, ter sofrido ameaças em uma rede social por não concluir uma fase que teria sido imposta pelo curador do desafio. A vítima foi submetida a exame de corpo de delito e está recebendo apoio psicológico.
A outra adolescente moradora de Goiana é estudante de uma escola da rede pública estadual e teria dado entrada na quarta-feira no Hospital Belarmino Correia após sofrer um surto psicótico e ter passado mal durante a aula. Durante a consulta, a médica plantonista percebeu as várias mutilações no braço da adolescente. Imagens que estão sendo divulgadas pelo Whatsapp mostram a garota vestindo a farda escolar com vários cortes em um dos braços, característica comum dos praticantes do jogo. A assistência social acrescentou que a paciente recebeu alta médica no mesmo dia.
ATENÇÃO REDOBRADA
A Polícia Civil recomenda que os pais observem atentamente os filhos para descobrir se eles entraram na trama macabra da Baleia Azul. Quando ingressam no jogo, os adolescentes tendem a ter mudanças de comportamentos, ficam mais reclusos, introspectivos, passam muitas horas trancados sozinhos, querem sair de madrugada ou em horários fora do usual, passam a madrugada acordados vendo televisão, começam a utilizar roupas de manga comprida para esconder as mutilações.
"Nós pedimos que os pais fiquem atentos e procurem a polícia. Estamos fazendo exames nas pessoas lesionadas e fazendo a ouvida qualificada das crianças. Vamos solicitar apoio do serviço de inteligência para identificar os curadores. As ameaças não vão se concretizar, esses covades estão aliciando os meninos, que são vulneráveis, mas não vão sair do anonimato, da zona de conforto, para ir atrás de ninguém. Mas precisamos identificá-los e salvar também os outros participantes. O problema é sério, é grave, e os pais precisam ficar atentos", concluiu o delegado Darlson Macedo, gestor da DPCA.